Trump recua do tarifaço contra Brasil e adia início de novas taxas

Casa Branca poupa aço, laranja e itens aeronáuticos, mas mantém taxação sobre carnes, café e pescados a partir de 6 de agosto

Sandra Venancio – Foto Joyce N. Boghosian/Via Fotos Públicas

A Casa Branca divulgou nesta quarta-feira (30) a ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impõe novas tarifas sobre produtos brasileiros, mas com recuos estratégicos em relação à proposta inicial. A cobrança, que estava prevista para esta semana, foi adiada para 6 de agosto, e vários itens de peso, como aço, laranja e materiais para aviação, foram retirados da lista de produtos tarifados.

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Entre os produtos que continuam sujeitos às novas tarifas estão carnes bovinas e suínas, café em grão e pescados, segmentos de alto valor nas exportações do Brasil aos EUA. Segundo o texto da ordem executiva, a medida visa “corrigir desequilíbrios comerciais” e “proteger a economia americana”.

“Os Estados Unidos continuarão defendendo seus produtores e trabalhadores. Mas ajustes são possíveis quando o interesse nacional o exige”, declarou Trump durante entrevista na Casa Branca.

O que mudou com a nova ordem executiva

No novo documento, o governo norte-americano recuou de sua intenção de taxar uma gama mais ampla de produtos. Foram retirados da lista:

  • Suco de laranja concentrado;
  • Castanha-do-pará;
  • Aço bruto e laminado;
  • Componentes usados na fabricação de aeronaves civis.

O restante dos itens mantidos será taxado com alíquotas que variam entre 12% e 25%, a depender da classificação aduaneira e do grau de processamento.

Reação no Brasil

A notícia do recuo parcial foi recebida com alívio moderado por parte do setor industrial, mas preocupação crescente por produtores de alimentos. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) classificou as tarifas ainda vigentes como “ameaça significativa à competitividade brasileira”.

O Itamaraty confirmou que convocará o embaixador dos EUA para esclarecimentos formais e estuda medidas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Vamos dialogar, mas não hesitaremos em defender os interesses do Brasil”, declarou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Impacto econômico e político

Segundo estimativas da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), o impacto das tarifas sobre carnes e pescados pode ultrapassar US$ 1,2 bilhão até o final do ano, caso não haja acordo comercial.

Nos bastidores, diplomatas veem a decisão como um gesto político de Trump para agradar sua base eleitoral rural, sem romper completamente com aliados comerciais estratégicos como o Brasil.

O presidente brasileiro ainda não comentou publicamente a decisão, mas assessores dizem que há pressão interna por uma resposta simétrica, sobretudo com as eleições de 2026 se aproximando.

Especialistas alertam que o recuo de Trump pode ser temporário e condicionado ao comportamento do Brasil em temas sensíveis, como meio ambiente, segurança alimentar e alinhamento geopolítico.

Para evitar prejuízos, o governo brasileiro já articula uma missão diplomática urgente a Washington, envolvendo técnicos da Agricultura, da Indústria e do Itamaraty, com o objetivo de tentar negociar a retirada total das tarifas antes que entrem em vigor em 6 de agosto.

Confira abaixo alguns dos produtos que ficaram de fora da taxação:

  • Castanha-do-pará com casca, fresca ou seca
  • Polpa de laranja
  • Suco de laranja congelado
  • Suco de laranja não congelado, valor Brix <20, não concentrado
  • Minério de ferro aglomerado
  • Minério de ferro não aglomerado
  • Carvão
  • Alcatrão
  • Tipos de aeronaves
  • Petróleo e derivados
  • Madeira tropical serrada ou cortada longitudinalmente, mesmo aplainada, lixada ou emendada, com espessura superior a 6 mm
  • Prata em barras e dore
  • Ouro não monetário em barras e dore

A íntegra da lista com os produtos que não serão taxados pode ser conferida aqui.