Burocracia no TFD põe em risco a saúde ocular de jovem em Parauapebas
Foto: Reprodução / Cedida
Família denuncia demora em tratamento e teme pela perda da visão da jovem
Na manhã da terça-feira (30/07), a equipe de reportagem da Rádio Arara Azul FM no Programa Alerta 96 recebeu em sua antessala a senhora Cláudia e sua neta, Emily, de apenas 13 anos de idade, para um apelo urgente e comovente. Há três meses, os médicos diagnosticaram a jovem com um tumor no olho esquerdo. Desde então, o TFD não autorizou a cirurgia em outro município, e a família segue cobrando uma resposta, já que Parauapebas (PA) não realiza o procedimento.
Dona Cláudia relatou que já deu entrada no pedido de Tratamento Fora do Domicílio (TFD) há mais de dois meses e, apesar de se tratar de um caso classificado como urgente, até o momento não obteve retorno efetivo das autoridades de saúde.
“O tempo vai passando e o problema está ficando mais grave. A Emily sente fortes dores de cabeça, não dorme direito, precisa tomar remédio todos os dias. A visão está cada vez pior. Já busquei ajuda de várias pessoas e lugares, mas só recebo promessas. Nada de concreto foi feito até agora”, desabafou a avó.
Exame aponta risco de lesão com possível evolução
O exame realizado em 29 de abril deste ano é uma tomografia das órbitas, que revelou a presença de uma lesão expansiva de aspecto neoplásico, medindo 2,7 centímetros, localizada na gordura intraorbitária do olho esquerdo. A massa está deslocando o nervo óptico, o que já causa dor intensa e risco de perda de visão: “O médico disse que ainda não é possível afirmar se é maligno, mas com o passar do tempo, o risco aumenta. A demora pode transformar algo tratável em um problema irreversível”, disse Cláudia.
Medo, Dor e Bullying na escola
Emily, mesmo muito jovem, sente na pele os efeitos emocionais e físicos do problema. A estudante relatou seu medo constante de perder a visão e os momentos difíceis que vive na escola.
“Fico com medo, choro à noite, penso que posso ficar cega. Na escola, tem gente que fica rindo, fazendo piada. É difícil me concentrar, estudar com dor e ainda ser zoada. Já pensei até em parar de ir pra aula”, contou com muita tristeza.
Burocracia e O Processo na Rede Pública
Segundo Cláudia, a família seguiu todos os trâmites previstos no Sistema Único de Saúde (SUS). Procuraram o posto de saúde, passaram pela consulta médica, foram encaminhados para a Policlínica, onde o neurologista solicitou a tomografia. Com o exame em mãos, deram entrada no pedido de TFD, mas o processo segue sem avanço.
“A gente entende que há muitos casos, mas pedimos que olhem com carinho para essa situação. Se não tem leito em Belém, procurem em outro lugar. Existem outros hospitais que fazem esse tipo de cirurgia. O que não pode é deixar uma criança nessa condição, sofrendo e correndo risco”, apela a avó.
Apelo às autoridades
Além disso, a família também pede sensibilidade por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) e da regulação estadual, responsáveis pela liberação dos leitos em hospitais de referência. Ainda mais, 0 procedimento fora de Parauapebas é a única alternativa para evitar o agravamento do quadro de Emily.
Logo, o caso foi acompanhado pela reportagem da Rádio Arara Azul FM, que também registrou imagens da jovem para mostrar a gravidade do problema e sensibilizar autoridades e a população sobre o assunto.
Negligência e Burocracia
Sendo assim, a situação de Emily evidencia as falhas no fluxo do TFD em casos urgentes e a fragilidade da saúde pública diante de situações que exigem ação rápida. Enquanto isso, uma adolescente com toda uma vida pela frente vê sua saúde e dignidade comprometidas pela burocracia.
“Eu só peço que façam o que puderem. Ela é só uma criança e está sofrendo por algo que poderia já ter sido resolvido”, finaliza Cláudia.
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