EUA fora da COP-30: vazio diplomático desafia diplomacia brasileira

A ausência dos Estados Unidos na COP30, que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), já levanta preocupações antes mesmo do início do evento. Sem escritório de diplomacia climática e sem delegação oficial, o país mais rico do mundo deixa um vazio diplomático que desafia o multilateralismo e exige ação urgente do Brasil. Essa matéria também foi publicada pela CNN.

A administração Trump eliminou o Escritório de Mudança Global do Departamento de Estado, demitindo todos os servidores envolvidos em política climática internacional. Com isso, os Estados Unidos ficaram sem estrutura para participar formalmente das negociações climáticas. Tradicionalmente atuante nesses fóruns e maior economia do planeta, o país agora se ausenta de um dos principais espaços globais de debate sobre o clima, criando um vácuo difícil de ser preenchido.

Em parte, a ausência já era esperada, especialmente após o anúncio do então presidente Donald Trump de que os EUA deixariam o Acordo de Paris. Ainda assim, havia alguma esperança de que uma delegação fosse enviada para negociar pontos como a transição energética e a redução de emissões de gases de efeito estufa. Entretanto, com o acirramento recente das relações entre Brasil e Estados Unidos, essa possibilidade foi se tornando cada vez mais remota.

A ausência dos Estados Unidos terá impactos diretos nas negociações: retirada de embaixadores americanos das mesas sobre financiamento climático, fragilidade na cobrança por parte dos países em desenvolvimento por recursos dos países ricos, perda de impulso na regulamentação de mercados de carbono globais e no desenvolvimento de tecnologias limpas. Por outro lado, essa lacuna poderá abrir espaço para maior protagonismo de outros países, como a China.

Para o Brasil, esse cenário impõe desafios diplomáticos significativos. A diplomacia brasileira agora trabalha para garantir a presença de chefes de Estado e uma ampla participação internacional na conferência, como forma de neutralizar o simbolismo negativo da ausência norte-americana. O governo e a presidência da COP seguem empenhados em mobilizar líderes globais, envolver empresas e governos subnacionais, e assegurar que a COP30 funcione como um fórum de implementação de políticas públicas, e não apenas de negociações técnicas.

A COP30 poderá representar um divisor de águas: ou a reafirmação do multilateralismo climático — com participação ampla, inovação e financiamento — ou um enfraquecimento profundo do regime climático global. Aos olhos do mundo, Belém será o teste para o futuro que iremos ter.

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