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O abandono da Vila da Barca, em Belém, ganhou projeção nacional nesta semana após o Profissão Repórter, da TV Globo, escancarar a precariedade do saneamento básico na comunidade. Em plena Amazônia, à beira da Baía do Guajará, milhares de moradores convivem há décadas com água imprópria para consumo e esgoto correndo a céu aberto.
A situação, ignorada por sucessivos governos, não estava no roteiro do governador Helder Barbalho (MDB). Mas, diante da esperada repercussão negativa e do constrangimento público, o governo estadual apressou-se em prometer obras de abastecimento de água e coleta de esgoto. A coincidência de datas não passou despercebida.
O ex-prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, foi direto:
“O Profissão Repórter expôs a trágica realidade dos moradores da Vila da Barca, que há décadas sofrem com a falta de abastecimento de água potável e o esgoto a céu aberto. (…) Não é coincidência! Nem benevolência! As obras na Vila da Barca foram iniciadas na mesma semana em que a matéria da Globo foi veiculada.”
Edmilson lembrou que, em 2003, durante seu segundo mandato, foi elaborado o projeto básico de urbanização com mais de 600 unidades habitacionais e estrutura comunitária. Mas, em 16 anos de gestões seguintes, apenas 156 moradias foram entregues. A retomada das obras em seu terceiro mandato entregou 122 novas unidades, com outras 76 em andamento e recursos já garantidos — que na atual gestão de Igor Normando (MDB), estão paradas.
O anúncio estadual também acontece após outro episódio que revoltou moradores: o despejo de entulho e esgoto da Avenida Doca de Souza Franco na comunidade, ação do próprio governo Helder Barbalho e classificada como racismo ambiental institucionalizado.
A súbita pressa do governo em agir, motivada mais pelo dano à imagem do que pela urgência social, revela uma dura verdade: para a Vila da Barca, dignidade nunca foi prioridade — até que as câmeras ligaram.
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