Entidades entregam ao presidente do STF manifesto pela soberania

A Rede pela Soberania entregou nesta 6ª feira (1°.ago.2025) um manifesto ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, em defesa da democracia. O documento foi assinado por várias entidades representativas.

O grupo manifestou apoio à Corte diante das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, incluindo a taxação de 50% sobre produtos brasileiros e a revogação do visto do ministro Alexandre de Moraes.

“Expressamos também nosso respaldo ao STF (Supremo Tribunal Federal) e à sua missão constitucional de punir, com base no devido processo legal, aos responsáveis pelos atos antidemocráticos que quase conduziram o país de volta aos tempos sombrios da ditadura”, diz o manifesto.

O manifesto critica a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), e afirma que as medidas têm o “objetivo explícito de forçar a extinção de um processo judicial que diz respeito única e exclusivamente ao povo e às instituições constitucionais do Estado brasileiro”.

Leia a íntegra do manifesto:

“A nação brasileira é alvo de sanções externas inaceitáveis, que incluem a imposição de tarifas comerciais com o objetivo explícito de forçar a extinção de um processo judicial que diz respeito única e exclusivamente ao povo e às instituições constitucionais do Estado brasileiro.

“Rechaçamos veementemente essas pressões, sem precedentes no Direito Internacional e nas relações bilaterais com os Estados Unidos, e reafirmamos nosso apoio aos esforços diplomáticos do Estado brasileiro para restabelecer o diálogo entre as 2 nações. Expressamos também nosso respaldo ao STF (Supremo Tribunal Federal) e à sua missão constitucional de punir, com base no devido processo legal, aos responsáveis pelos atos antidemocráticos que quase conduziram o país de volta aos tempos sombrios da ditadura.

“Defendemos o aprimoramento contínuo das instituições democráticas –que jamais foram perfeitas–, com a legitimidade que repousa no respeito à soberania nacional. Não abrimos mão da soberania; seja para preservar e aprofundar os avanços democráticos da Constituição de 1988; seja para garantir a pluralidade de opiniões, hoje ameaçada por defensores de regimes autoritários; seja, ainda, para definir com autonomia os rumos nacionais: da economia, do comércio, das relações internacionais e, entre outras, das escolhas institucionais do Brasil.

“Lamentamos que setores radicais e minoritários da política brasileira tenham abraçado a chantagem em curso, alinhando-se a interesses externos, em detrimento do interesse público nacional. Diante disso, conclamamos todas as forças democráticas a se unirem em defesa:

  • da revogação imediata das tarifas punitivas de 50% sobre o comércio brasileiro, ou de qualquer outro tipo de retaliação que careça de base legal e racionalidade econômica;
  • do respeito à independência das instituições democráticas brasileiras, em especial ao Poder Judiciário e aos ministros do STF; e, nesse sentido, repudiamos a retaliação do governo dos EUA ao aplicar a Lei Magnitsky ao Ministro Alexandre de Moraes e ao revogar vistos diplomáticos de magistrados brasileiros, como forma de intimidação;
  • da mobilização da diplomacia, dos líderes políticos, empresariais e da sociedade civil, no Brasil e nos EUA, para restaurar uma relação bilateral saudável, baseada no diálogo, na soberania e no respeito mútuo;
  • da responsabilização, dentro da legalidade, daqueles que, ao adotarem a chantagem como método político e judicial, traem a nação brasileira, comprometem, assim, receitas, empregos, qualidade de vida dos brasileiros e, sobretudo, a democracia e a independência conquistada por nossa nação há mais de 2 séculos”.

“Assinam este manifesto:

  • Associação Alternativa Terrazul;
  • Afresp (Associação dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de São Paulo);
  • Aliança Nacional LGBTI+;
  • ABI (Associação Brasileira de Imprensa);
  • Associação Nacional da Advocacia Negra;
  • AANB (Associação de Advogadas e Advogados Negros do Brasil);
  • Febrafite (Associação Nacional de Fiscais de Tributos Estaduais);
  • Coalizão Nacional de Mulheres;
  • Comissão Justiça e Paz;
  • Derrubando Muros;
  • EDUCAFRO (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes);
  • FBOMS (Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável);
  • IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros);
  • IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade);
  • Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos);
  • IFC (Instituto de Fiscalização e Controle);
  • Instituto Ethos;
  • Instituto Pró-Democracia Sempre;
  • Instituto Soma Brasil;
  • Judias e Judeus pela Democracia;
  • Jusclima Coletivo Climático;
  • MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral);
  • MNU (Movimento Negro Unificado);
  • Nossas;
  • Política Viva;
  • Rede Lawfare Nunca Mais;
  • Teia Carta da Terra Brasil;
  • Affonsa de Ligorio de Oliveira, produtora rural;
  • Amanda Souto Baliza, advogada;
  • Breno Cavalcante, advogado;
  • Cezar Britto, advogado;
  • Cleide Martins Silva, advogada;
  • Christiane Pantoja, advogada;
  • Daniel Godoy Junior, advogado;
  • Frei Davi, EDUCAFRO;
  • Gisele Agnelli, socióloga;
  • João Franzin, jornalista e microempresário;
  • João Frey, jornalista;
  • João Ricardo Costa, desembargador do TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul);
  • Joaquim Pedro de Medeiros Rodrigues, advogado;
  • Joelson Dias, advogado;
  • José Antonio Moroni, filósofo;
  • José Cesar “Zeca” Martins, empresário;
  • Jovita José Rosa, contadora;
  • Luis Carlos Azedo, jornalista;
  • Márlon Reis, advogado;
  • Núbia Bragança, advogada e EDUCAFRO;
  • Raquel Marques, advogada;
  • Rodrigo Spada, auditor fiscal do Estado de São Paulo;
  • Rosangela Lyra, empresária;
  • Sebastião Batista, advogado;
  • Sylvio Costa, jornalista;
  • Toni Reis, educador”.