O Ministério da Defesa da Coreia do Sul anunciou nesta 2ª feira (4.ago.2025) que iniciou a remoção dos alto-falantes de propaganda instalados na fronteira com a Coreia do Norte. A medida representa um gesto conciliatório do governo sul-coreano, que busca reduzir tensões e retomar o diálogo com Pyongyang.
O governo do presidente sul-coreano, Lee Jae-myung (Partido Democrata, centro-direita), já havia interrompido as transmissões de propaganda contra a Coreia do Norte em junho, ao assumir o poder, segundo informações da AP (Associated Press). A retirada física dos equipamentos constitui mais um passo nas tentativas de aproximação com o Norte, depois de anos de redução significativa na cooperação entre os países.
A decisão de remover os dispositivos se dá depois que o governo anterior, de orientação conservadora, restabeleceu as transmissões diárias em junho de 2024. A retomada havia sido uma resposta às ações norte-coreanas de enviar balões carregados de lixo em direção ao território sul-coreano.
Os alto-falantes impactavam diretamente o regime norte-coreano, liderado por Kim Jong-un. As transmissões incluíam mensagens de propaganda e músicas K-pop, conteúdos selecionados especificamente para incomodar o governo de Pyongyang.
A Coreia do Norte tem intensificado campanhas para erradicar a influência da cultura pop e da linguagem sul-coreana.
A fronteira que separa as duas Coreias, considerada uma das mais militarizadas do mundo, tem sido cenário de diversas ações de guerra psicológica com táticas semelhantes às da Guerra Fria (1947-1991). Essas campanhas intensificaram as tensões já elevadas pelo desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano e pelos esforços de Seul para expandir exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos.
O Ministério da Defesa sul-coreano classificou a remoção como uma “medida prática” para aliviar as tensões. Lee Kyung-ho, porta-voz do ministério, não forneceu detalhes específicos sobre como os equipamentos removidos serão armazenados ou se poderão ser rapidamente reinstalados caso as tensões entre as Coreias voltem a aumentar. O ministério enfatizou que a ação não afeta a prontidão militar do país.
Até o momento, a Coreia do Norte não se manifestou oficialmente sobre a iniciativa sul-coreana. Na semana passada, Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano, rejeitou as aproximações do governo de Lee. Ela afirmou que a “confiança cega” de Seul na aliança com os EUA e a hostilidade em relação à Coreia do Norte tornam o atual governo indistinguível de seu antecessor conservador.
Os comentários de Kim Yo Jong sugerem que a Coreia do Norte, atualmente concentrada em expandir sua cooperação com a Rússia na guerra da Ucrânia, não demonstra urgência em retomar a diplomacia com Seul e Washington.