Um caso inusitado abalou a cidade de Ribeira, no interior de São Paulo, após o Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciar a vice-prefeita e secretária de Saúde, Juliana Maria Teixeira da Costa, por supostamente usar R$ 41,2 mil de verba pública para pagar uma “amarração amorosa”. A ação, revelada pelo portal Metrópoles, envolve também o servidor público Lauro Olegário da Silva Filho e o empresário William Felipe da Silva, dono da W. F. Da Silva Treinamentos Ltda., acusada de intermediar o pagamento.
No dia 30 de julho de 2025, o MPSP entrou com uma ação civil pública contra a administração municipal, pedindo a anulação dos contratos com a W. F. Da Silva Treinamentos e o ressarcimento dos valores pagos. Segundo a denúncia, Juliana, de 42 anos, teria contratado um serviço de “casamento espiritual” para manter um relacionamento extraconjugal com Lauro, técnico em enfermagem e coordenador municipal de Saúde, que é casado. A empresa, que já foi empregadora de Lauro, recebeu R$ 41,2 mil da Prefeitura, supostamente por serviços médicos, odontológicos e laboratoriais, e transferiu o mesmo valor a uma vidente conhecida como “Mentora Samantha” apenas 12 minutos após a emissão de uma nota fiscal.
O esquema veio à tona após o vereador Dirceu Benedito identificar comprovantes de pagamento no Instagram da vidente, incluindo um de R$ 6 mil em nome de Juliana e outro de R$ 41,2 mil em nome da W. F. Da Silva Treinamentos. A vidente confirmou, em vídeos, que foi contratada por Juliana para realizar o trabalho espiritual com o objetivo de afastar Lauro de sua esposa. O MPSP aponta que Lauro, favorecido por Juliana com escalas e gratificações indevidas, participou do esquema, que também envolveu William Felipe da Silva, dono da empresa.
Na sexta-feira (1/8), a Justiça de Apiaí determinou a suspensão imediata dos contratos entre a Prefeitura de Ribeira e a W. F. Da Silva Treinamentos, além de proibir novos acordos com a empresa, em decisão que ainda cabe recurso. O MPSP acusa Juliana e William de enriquecimento ilícito, associação criminosa, fraude à licitação, uso de documento falso e peculato, enquanto Lauro responde por associação criminosa, fraude à licitação e concurso material. A promotoria também solicita a condenação dos três por improbidade administrativa e a reparação de danos no valor mínimo de R$ 41,2 mil.
Juliana, natural de Jaguariaíva (PR), formada em assistência social e filiada ao MDB, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possuir cerca de R$ 45 mil em bens. Em suas redes sociais, ela destaca 16 anos de experiência na área da saúde e publica depoimentos positivos sobre o atendimento médico no município. Em nota, a vice-prefeita negou as acusações, classificando-as como “ataques mentirosos, agressivos e caluniosos” com o objetivo de manchar sua imagem. Ela alega que a vidente “Mentora Samantha” tenta extorqui-la e que uma advogada, Valquíria, contribuiu para disseminar as denúncias. Juliana informou que registrou um boletim de ocorrência e que acionará judicialmente os responsáveis por calúnia, difamação, injúria e tentativa de extorsão.
O caso, que mistura política, verbas públicas e rituais espirituais, gerou grande repercussão em Ribeira, município de pequena população no Vale do Ribeira. As investigações continuam, e a Justiça determinará os próximos passos para esclarecer as responsabilidades e garantir a devolução dos recursos públicos utilizados indevidamente.
Com informações do portal Metrópoles
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