Eduardo Bolsonaro quer ir à Europa conspirar contra o Brasil, mas teme algemas da Interpol e adia planos

Deputado licenciado, alvo de inquérito no STF, teme repetir destino de Carla Zambelli e diz que só viaja com “garantias jurídicas”

Crédito: Sandra Venancio


O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) entrou em modo “fugitivo cauteloso”. Investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação em articulações golpistas, o filho do ex-presidente teme ser preso pela Interpol caso deixe os Estados Unidos e siga para a Europa, onde foi convidado a discursar no Parlamento Europeu.

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O convite partiu do eurodeputado ultraconservador Dominik Tarczyński, da Polônia, mas Eduardo admite que a viagem depende de uma checagem prévia na lista de difusão vermelha da Interpol — mecanismo usado para localizar e prender indivíduos procurados internacionalmente.

“Tenho que me assegurar de que não serei mais uma vítima do Moraes e verificar se a Interpol está ou não pedindo minha prisão”, disse em entrevista ao portal Metrópoles.

A preocupação não é à toa. A Polícia Federal (PF) mantém cooperação ativa com a Interpol e pode solicitar, via o Escritório Central Nacional no Brasil, a inclusão de nomes na difusão vermelha a pedido do STF. As ordens podem ser cumpridas por autoridades estrangeiras assim que o investigado cruzar a fronteira de um país signatário.

O temor de Eduardo cresce após o caso de Carla Zambelli, presa em abril na Itália por descumprimento de medidas impostas pelo STF. Ele alega que “não vivemos mais um período de normalidade” e acusa “tiranos brasileiros” de perseguirem opositores.

Atualmente nos Estados Unidos, onde busca apoio político e suposta proteção internacional, o deputado ainda não definiu a data da viagem. Enquanto isso, o STF mantém sob sigilo partes das investigações que podem sustentar pedidos futuros de prisão preventiva, inclusive fora do território nacional.

Como funciona a difusão vermelha da Interpol

A difusão vermelha é um alerta internacional emitido a pedido de países-membros da Interpol para localizar e prender provisoriamente indivíduos procurados, com base em mandados de prisão válidos. No Brasil, o pedido parte normalmente da Polícia Federal com autorização judicial. Não é um “mandado de prisão internacional” automático, mas, na prática, serve como base para que países aliados prendam e extraditem a pessoa. Cabe a cada nação decidir se cumpre a solicitação.