Empresas investigadas pela PGR receberam R$ 911 mi do governo do Pará

Prisão de policial, na véspera do 1° turno das eleições de 2024, levaram a investigação da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República (PGR). Foto: PF

Reportagem publicada pelo portal Metrópoles mostra que as duas empresas investigadas por suspeita de corrupção em licitação da COP30 — Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém em 2025 — já receberam R$ 911 milhões do governo do Pará nos últimos quatro anos, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A J.A Construcons Civil Ltda e a JAC Engenharia Ltda estão registradas em nome de pessoas ligadas ao deputado federal Antônio Doido (MDB-PA). De acordo com as investigações, essas empresas foram a origem de saques milionários realizados pelo policial militar Francisco Galhardo, preso em outubro de 2024 ao retirar R$ 5 milhões em espécie de uma agência do Banco do Brasil em Castanhal, às vésperas das eleições municipais.

O conteúdo apreendido no celular de Galhardo levou a PGR a apurar possíveis fraudes em uma licitação da COP30 conduzida pelo governo estadual.

As duas empresas formam o Consórcio Perna Norte, vencedor de um contrato de R$ 142 milhões para obras da Perna Norte da Rua da Marinha até o Canal Bengui, em Belém. No mesmo dia da vitória, Galhardo sacou R$ 6 milhões e manteve contato com o secretário estadual de Obras, Benedito Ruy Cabral. Mensagens encontradas no celular do policial indicam que os dois se encontraram poucos dias depois.

Além desse contrato, a J.A Construcons também integra o Consórcio Canal Benguí, vencedor de licitação de R$ 123,3 milhões para adequação de canais em Belém, em agosto de 2023.

Segundo a PGR, entre 2020 e 2024 o governo do Pará empenhou mais de R$ 1 bilhão em notas fiscais para a J.A Construcons, das quais R$ 911,4 milhões já foram pagos. O Coaf aponta que a movimentação financeira das empresas sugere “desvio de recursos públicos e fraude em processos licitatórios”.

Suspeita de organização criminosa

A PGR afirma que Antônio Doido, Galhardo e Ruy Cabral “aparentam integrar organização criminosa voltada à prática de crimes contra a administração pública e violações em processos de licitação e contratos administrativos no Pará”, além de possíveis crimes eleitorais e infrações contra o sistema financeiro.

Embora a J.A Construcons esteja formalmente registrada em nome da esposa de Antônio Doido, a PGR aponta que ela seria usada como “pessoa interposta” para ocultar o verdadeiro controle do deputado sobre a empresa.

Defesas

Ao Metrópoles, o governo do Pará declarou que todos os contratos com as empresas foram firmados por meio de licitações regulares e que não há conhecimento formal de investigação sobre as contratações. A gestão afirmou ainda que o secretário Ruy Cabral “jamais recebeu valores ou benefícios” do policial citado e não manteve reuniões privadas com ele.

A defesa de Antônio Doido disse repudiar o “vazamento de informações sigilosas” e classificou as acusações como “ilações”, afirmando que o deputado está à disposição da Justiça.

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