O polo industrial paraense vai levar golpe bilionário: ano passado, o município exportou R$ 1,8 bilhão para a terra de Donald Trump
Uma nova política comercial agressiva anunciada por Donald Trump — que promete impor uma tarifa de 50% sobre produtos chineses e redirecionar seu impacto também sobre commodities estratégicas de outros países — pode atingir em cheio a economia do Pará, mais especificamente o polo industrial de Barcarena. A medida, anunciada como parte de um plano de “reindustrialização forçada dos EUA”, promete penalizar duramente exportações de produtos químicos e materiais estratégicos. E o Pará está na linha de fogo.
Barcarena, um dos 15 maiores municípios exportadores do Brasil, exportou em 2024 o equivalente a US$ 344 milhões (R$ 1,8 bilhão) em produtos químicos inorgânicos e compostos de metais preciosos, radioativos, terras raras e isótopos — exatamente o tipo de mercadoria que agora está sob o radar tarifário do presidente norte-americano.
No primeiro semestre de 2025, os Estados Unidos representaram 18% de tudo o que Barcarena exportou, sendo o segundo maior destino das exportações do município, atrás apenas da Noruega. Um mercado robusto e estratégico, que pode encolher drasticamente com a nova barreira tarifária.
Se a tarifa de 50% for implementada como Trump vem prometendo, o efeito pode ser devastador para a balança comercial de Barcarena — e, por consequência, para o estado do Pará. As empresas do complexo industrial local, que atuam na transformação de minérios, produção de compostos metálicos e até no refino de alumínio, poderão ver seus contratos cancelados, perder competitividade e enfrentar sérias dificuldades de escoamento de produção.
Produtos como o corindo artificial, o alumínio em formas brutas e até a soja — que já enfrentam desafios logísticos e pressões ambientais — podem sofrer com restrições adicionais, comprometendo a previsibilidade do setor exportador e os empregos diretos e indiretos gerados no município.
Mais do que uma disputa geopolítica, a tarifa proposta por Trump é um ataque direto ao modelo de inserção do Brasil — e do Pará — nas cadeias globais de valor, onde a exportação de matérias-primas e produtos semielaborados tem sido pilar da economia regional.
O impacto não será apenas econômico. Será social e estrutural.
A ausência de uma política federal clara para lidar com esse tipo de retaliação comercial — somada à dependência excessiva de poucos mercados compradores — expõe a vulnerabilidade de polos industriais como o de Barcarena, que, apesar de sua importância nacional, segue à margem de políticas de proteção e estímulo à indústria de maior valor agregado.
Barcarena pode estar diante do seu maior desafio comercial da década. E, se medidas não forem tomadas, a conta — novamente — cairá no colo dos trabalhadores, das empresas locais e das finanças públicas paraenses.
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