MPF é acionado contra obra do governo do Pará em terra indígena

Mais de 300 indígenas da etnia Tembé, da Terra Indígena Alto Rio Guamá, no nordeste do Pará, interditaram 26 máquinas pesadas usadas na abertura da rodovia estadual PA-253. A estrada, que liga Capitão Poço a Santa Luzia do Pará, estaria sendo construída sem consulta prévia às comunidades indígenas afetadas, como exige a Convenção 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário.

A mobilização ocorreu em 22 de julho e foi articulada por 14 caciques, após semanas de tentativas frustradas de diálogo com o governo estadual. Os indígenas denunciam a ausência de consulta livre, prévia e informada, além da inexistência de estudos de impacto ambiental. Eles cobram a suspensão imediata das obras e condicionam a liberação dos equipamentos ao atendimento de demandas históricas, como reforma e construção de escolas, contratação de professores e manutenção das vicinais entre as aldeias.

A deputada estadual Lívia Duarte (PSOL) formalizou um pedido ao Ministério Público Federal (MPF) para que investigue possíveis ilegalidades na condução da obra. No ofício enviado em 4 de agosto, a parlamentar solicita a apuração de violações constitucionais e internacionais, além da verificação da regularidade do licenciamento ambiental. Também propõe uma visita técnica ao local com a participação da Defensoria Pública, Funai e órgãos ambientais.

Segundo a denúncia apresentada ao MPF, a intensificação das obras e a presença de empreiteiras sem diálogo prévio aumentaram o clima de insegurança nas comunidades. A deputada afirma que, mesmo após a ocupação da Secretaria de Educação (Seduc) por mais de um mês, o governo Helder Barbalho (MDB) ainda não apresentou uma política consistente de educação indígena no estado.

As lideranças Tembé alegam que o protesto é resultado direto da omissão do Estado e da falta de resposta institucional. De acordo com os documentos enviados ao MPF, nenhuma autoridade do Executivo estadual se pronunciou oficialmente até o momento sobre os fatos.

A reportagem do Estado do Pará On-line (EPOL) solicitou posicionamento ao Governo do Pará e do MPF e aguarda resposta.

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