Menção a Bolsonaro em tarifaço é “cortina de fumaça”, diz Prates

Jean Paul Prates, ex-senador e ex-presidente da Petrobras, afirmou nesta 5ª feira (7.ago.2025) que o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no STF (Supremo Tribunal Federal), usado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), como justificativa para impor tarifas contra o Brasil, é uma “super cortina de fumaça”. Na avaliação de Prates, o verdadeiro alvo do tarifaço norte-americano é o Brics.

Nenhuma potência do mundo na história perdeu espaço sem brigar, sem lutar e sem tentar exercer o poder, às vezes até de forma exagerada e desproporcional ao que normalmente vinha fazendo”, disse Prates a jornalistas antes de participar de fórum do grupo Lide, em Mumbai, na Índia, de acordo com o Uol.

Então, da Pax Americana, hoje sobrou fazer guerra comercial com os países e esperar que reajam das formas que puderem”, afirmou.

Para Prates, é difícil acreditar que Trump não tenha conhecimento que um presidente da República brasileiro não pode interferir nos processos julgados pelo STF.

É a mesma coisa que imaginar que alguém do Brasil pedisse a ele, Trump, para interferir num processo da Suprema Corte americana e dissesse: ‘olha, agora você tem de liberar ou acusar ou condenar alguém’. Essa é uma super cortina de fumaça, um pretexto para penalizar o Brasil. É um erro crasso, e ele sabe disso”, afirmou.

Sobre as recém-anunciadas sobretaxas de 25% dos EUA contra os produtos da Índia por importar petróleo da Rússia, Prates disse ser mais fácil para o Brasil do que para a Índia substituir a importação do petróleo russo.

Segundo o ex-presidente da Petrobras, o petróleo russo corresponde a 70% do combustível consumido na Índia, enquanto o Brasil passou a comprar mais diesel da Rússia só a partir da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, quando o país passou a vender petróleo muito barato em razão das sanções comerciais de que foi alvo.

Sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Rússia tornou-se a maior vendedora de diesel ao Brasil. Ainda assim, Prates afirmou que há suprimento suficiente no mercado para, caso seja necessário, o Brasil substituir o petróleo russo.

A sanção aplicada pelos EUA contra a Índia levantou debates sobre a possibilidade de o mesmo ocorrer no Brasil, que dobrou suas importações da Rússia desde o início da guerra contra a Ucrânia.

Diante do tarifaço dos EUA, uma tática que ele considera “suicida”, Prates disse que o encontro de empresários brasileiros com autoridades do governo indiano tem como objetivo uma descoberta mútua entre os 2 países.

Agora, nós precisamos disso. Não é mais uma questão de abrir novos mercados, de fazer novos negócios, é uma questão de necessidade, já que nós estamos no mesmo bloco. Já que estamos fazendo tanto sucesso, que estamos incomodando a potência mundial, vamos então consolidar esse processo com a China, a África do Sul e com os novos membros do Brics”, declarou.