Operação em Ananindeua bloqueou aproximadamente R$ 500 milhões em patrimônio

Relógios de luxo do prefeito de Ananindeua foram apreendidos em Fortaleza, Ceará. Valor da coleção pode chegar a R$ 3 milhões. Foto: MPPA

Apesar do retorno do prefeito Daniel Santos (PSB) ao cargo por decisão liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ), as investigações da Operação Hades seguem em curso e revelam um suposto esquema milionário de corrupção, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro dentro da administração municipal de Ananindeua, segunda maior cidade do Pará.

Conduzida pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), a operação foi deflagrada neste mês de agosto, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em diversos municípios paraenses e também fora do estado, como em Fortaleza (CE). O foco da apuração está na relação entre servidores públicos e empresas do setor de construção civil contratadas pela prefeitura.

De acordo com o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), os indícios já reunidos apontam para a existência de um conluio criminoso para fraudar o caráter competitivo de licitações e desviar recursos públicos. Entre os bens confiscados estão imóveis, veículos, tratores, embarcações e até aeronaves, totalizando um bloqueio judicial de aproximadamente R$ 500 milhões em patrimônio de 16 pessoas físicas e jurídicas. Só o prefeito teve R$ 131,85 milhões bloqueados.

Durante as diligências, os agentes encontraram uma coleção de relógios de luxo no apartamento alugado por Daniel Santos em Fortaleza. As peças, que ainda estão sendo avaliadas, podem chegar a R$ 3 milhões — com exemplares de até R$ 420 mil. Também foram apreendidos tratores avaliados em R$ 3 milhões e localizados em uma fazenda no município de Tomé-Açu, adquirida em nome do prefeito por R$ 16 milhões. Parte do valor teria sido paga em dinheiro vivo e parte por empreiteiras ligadas à prefeitura, conforme depoimento da ex-proprietária do imóvel.

Além do prefeito, figuram entre os principais alvos o empresário Danillo da Silva Linhares (R$ 124 milhões em bens bloqueados), Manoel Palheta Fernandes, membro da comissão de licitação (R$ 119 milhões), e o secretário municipal de Saneamento, Paulo Macedo (R$ 3,27 milhões).

As Secretarias Municipais de Urbanismo (Seurb), Saneamento (Sesan), Licitações e a Procuradoria do Município também foram alvos de buscas, o que indica, segundo o MPPA, uma possível atuação coordenada dentro da estrutura administrativa da prefeitura.

Embora a decisão do desembargador Pedro Sotero, do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), que havia afastado o prefeito, tenha sido revertida pelo ministro Og Fernandes, do STJ, os investigadores reforçam que as apurações seguem com base em “provas abundantes”. A próxima etapa envolve a análise detalhada do material apreendido e oitivas dos envolvidos. Caso os indícios se confirmem, o MPPA deve oferecer denúncia formal à Justiça.

Em nota, a defesa do prefeito afirma que todas as aquisições patrimoniais foram feitas de forma legal e estão devidamente declaradas. A Prefeitura de Ananindeua criticou o afastamento, classificando a decisão como arbitrária e sem direito à defesa prévia. Daniel Santos declarou que a investigação tem motivação política. Os demais investigados ainda não se manifestaram publicamente.

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