Foto: Aldrin Figueiredo.
Belém, PA – Uma intervenção da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA) no centro histórico de Belém está colocando em risco a integridade do Solar Barão do Guajará, importante patrimônio arquitetônico do século XVIII. O alerta foi feito pelo historiador Aldrin Moura de Figueiredo, diretor do Museu do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP) – entidade sediada no próprio solar – e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).
A demolição de um imóvel vizinho na Rua Tomázia Perdição, para a construção de um novo prédio de três pavimentos pela ALEPA, já causou infiltrações na parede lateral do solar, risco de obstrução permanente de uma janela histórica e a remoção emergencial de peças do acervo museológico. Segundo Figueiredo, o projeto viola frontalmente as normas de preservação do centro histórico, que proíbem demolições totais e novas construções que descaracterizem o entorno de bens tombados. O solar possui proteção em três níveis (municipal, estadual e federal).
O especialista destaca a importância única do imóvel, construído no século XVIII pelo engenheiro militar Theodósio Chermont, que serviu como residência do Visconde do Arary, figura central na abertura do Amazonas à navegação internacional, e hoje abriga a sede do IHGP, guardando documentos raros e obras de arte. “É paradoxal que o próprio Legislativo estadual, que deveria zelar pelas leis de proteção ao patrimônio, seja o agente dessa ameaça”, critica o professor.
Para Figueiredo, a Alepa deve rever o projeto, respeitando a legislação vigente, mantenha o recuo de parede de 1,5 meio e preserve a janela lateral do Solar. “O caso exige ação imediata antes que os danos se tornem irreversíveis”, alerta o diretor do IHGP.
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