A China vem intensificando suas ações para ampliar o comércio com o Brasil e diversificar as importações, movimento que ganhou força após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático, em maio deste ano. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos (ApexBrasil) tem reforçado campanhas de marketing para impulsionar produtos brasileiros no mercado chinês, com destaque para o café — que passou a ser vendido na rede de cafeterias Luckin — e o açaí, promovido na famosa rede de sorveterias Mixue.
Nos últimos dias, a Embaixada da China no Brasil também passou a divulgar outros produtos nacionais, especialmente a carne bovina, que está em processo de habilitação para exportação. A expectativa é ampliar ainda mais o acesso ao mercado chinês por meio do comércio eletrônico, considerado estratégico para potencializar as exportações. Nas redes sociais, a própria Embaixada fez brincadeiras com a possibilidade de “rodízios de churrasco” em cidades como Pequim, Xangai e Shenzhen e uma publicação sobre o açaí está conquistando os jovens chineses.
Além da promoção de produtos, a China tem investido em capacitação de produtores brasileiros para vendas online e participação em feiras internacionais. Um dos próximos eventos será a feira de negócios em Xiamen, prevista para o próximo mês, onde exportadores do Brasil terão a oportunidade de fechar parcerias comerciais.
Contexto: tarifas dos EUA e novas oportunidades
O fortalecimento da relação comercial com a China acontece em meio à entrada em vigor, na última quarta-feira (6), de uma sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos como café, carne e frutas brasileiras. A medida, adotada pelo presidente Donald Trump, atinge cerca de 36% das exportações nacionais destinadas ao mercado norte-americano e foi classificada como retaliação a políticas brasileiras, além de parte de uma estratégia para conter a competitividade chinesa.
Apesar do impacto, itens como suco e polpa de laranja, combustíveis e minérios ficaram fora da nova tarifa, abrindo espaço para a busca de novos mercados — com a China despontando como a principal alternativa. Em reunião recente, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, e o chanceler chinês, Wang Yi, reforçaram o compromisso de ampliar os laços econômicos e a cooperação dentro do BRICS.
“A China apoia firmemente o Brasil na defesa do seu direito ao desenvolvimento e se opõe às práticas comerciais intimidatórias”, afirmou Wang, em referência às medidas adotadas pelos EUA.
Perspectivas
Além de manter o alto nível de contato diplomático e preparar futuros encontros entre Lula e Xi Jinping, o Brasil também demonstrou interesse em aprofundar relações com a Índia, acompanhando o movimento de aproximação entre as potências asiáticas.
Especialistas apontam que a diversificação das exportações brasileiras para a China, especialmente com produtos de maior valor agregado como café e açaí, representa uma oportunidade de reduzir a dependência do mercado norte-americano. Com estratégias bem definidas e maior integração entre os países do BRICS, o Brasil pode não apenas mitigar os efeitos das tarifas dos EUA, mas também se consolidar como um exportador relevante no comércio global de alimentos e produtos naturais.
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