Em mais um covarde, cruel e desumano ataque aéreo em Gaza, cinco profissionais do canal Al Jazeera -entre eles o correspondente Anas al-Sharif e quatro membros de equipa técnica – foram assassinados de forma planejada pelo governo sionista e de extrema-direita do atual governo de Israel, comandando por Benjamin Netanyahu. A notícia provocou choque imediato e um debate internacional e em Israel, sobre liberdade de imprensa e utilização da força desproporcional de ataques pelo exército israelense contra equipes médicas e jornalístas que atuam em Gaza.
Além de Anas al-Sharif, foram mortos no ataque, o também correspondente Mohammed Qreiqeh, e os cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa. Ao todo, sete pessoas foram mortas no ataque à equipe jornalística que estava em uma tenda localizada em frente ao portão principal do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, na noite de domingo.
Clique em traduzir e leia a carta publicada pela esposa do jovem jornalista, escrita por ele, antes de ser morto, quando já previa o que estava por acontecer:
Pouco antes de ser morto, al-Sharif publicou no X (antigo Twitter) um vídeo relatando que Israel havia iniciado bombardeios intensos e concentrados nas partes leste e sul de Gaza. Na gravação, ele alertava para a escalada dos ataques e a proximidade das explosões.
قصف لا يتوقف…
منذ ساعتين والعدوان الإسرائيلي يشتد على مدينة غزة. pic.twitter.com/yW8PesTkFT— أنس الشريف Anas Al-Sharif (@AnasAlSharif0) August 10, 2025

Israel confirma ataque e acusa ligação com o Hamas
O exército israelense afirma que Anas al-Sharif não era um jornalista legítimo, mas sim o “líder de uma célula vinculada à organização terrorista Hamas”. De acordo com as autoridades israelenses, documentos encontrados comprovariam sua participação em atividades terroristas.
Segundo a nota divulgada, esses materiais incluiriam listas de integrantes e de cursos de treinamento do Hamas, registros telefônicos e comprovantes de pagamento, apresentados como provas de que ele atuava como combatente do grupo na Faixa de Gaza.
Só Israel ignora ou justifica as mortes de jornalistas internacionais
Al Jazeera e grupos de defesa da liberdade de imprensa recusaram veementemente a narrativa israelense e classificaram o ataque como uma “assassinato” ou “assalto dirigido contra jornalistas”. A emissora afirma que os seus profissionais estavam claramente identificados para trabalhar no local e exige investigação independente e responsabilização. Organizações como o Committee to Protect Journalists expressaram preocupação com um padrão recorrente de mortes de jornalistas em Gaza e pediram averiguação imediata e transparente.
O Committee to Protect Journalists (CPJ) e outras entidades internacionais pediram averiguação independente, destacando o histórico de mortes de repórteres na Faixa de Gaza. Especialistas em direito internacional humanitário ressaltam a obrigação de distinguir combatentes de civis e de adotar precauções para evitar danos colaterais — especialmente em áreas próximas a hospitais.
Desde o início do conflito em Gaza, em 7 de outubro de 2023, o número de jornalistas e trabalhadores da mídia mortos é alarmante. Levantamentos feitos por agências internacionais apontam que mais de 200 profissionais da mídia assassinados por ataques de Israel e nenhum pelo Hamas.
O caso reforça o dilema das guerras modernas, nas quais a informação se torna tão estratégica quanto as armas. Ao mesmo tempo que governos justificam ataques com base em segurança, jornalistas insistem em permanecer no terreno para documentar os impactos sobre civis.
Do ponto de vista legal e político, perguntas urgentes permanecem em aberto: que provas concretas o exército israelense possui para afirmar a dupla função do jornalista? Houve tentativas de comunicação prévias com organizações internacionais? As regras de combate foram respeitadas, especialmente no que toca à obrigação de distinguir combatentes de civis e de tomar precauções para evitar danos colaterais? Especialistas em direito internacional e liberdade de imprensa clamam por investigações independentes, com acesso a provas, testemunhas e perícias forenses.
A guerra contra os fatos: fome, crimes de guerra e ataques contra hospitais, mesquitas e igrejas
Enquanto a guerra se arrasta, Israel encontra-se em guerra não apenas contra facções armadas, mas contra a dura realidade que emerge de Gaza: fome massiva, ataques a hospitais, mesquitas e igrejas, além de um colapso humanitário que beira o apocalipse. A censura oficial à fome acabou – até grandes emissoras, como o Channel 12, o canal de TV comercial mais assistido de Israel – abriram a voz mostrando crianças desnutridas e filas improvisadas; finalmente, “há fome em Gaza, e a responsabilidade não é apenas do Hamas — também é de Israel”, apontou o jornalista israelense Ohad Hemo que atua como correspondente de Assuntos Palestinos para a Israel há 15 anos.
A reação global: acusação de crimes, comparações com o Nazismo e colapso diplomático
Não foi só mídia que reagiu — pressões cresceram internacionalmente. O Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de prisão para Netanyahu e o ex-ministro Yoav Gallant por crimes de fome como forma de guerra travada por Países, ONGs e líderes alertam: o mundo reviveu tragédias.
Uma das vozes que se levantam contra o que ocorre em Gaza parte do Brasil, onde o presidente Lula comparou a situação a um genocídio que remonta ao Holocausto, causado pelos Nazistas contrao os Judeus e outros povos, durante a 2ª Guerra Mundial. A ONU alertou para “fome pura e simples” em Gaza; já foram contabilizadas quase centenas de crianças mortas por desnutrição — e mais de 61 mil palestinos mortos no conflito.
Dentro de Israel: vozes que ecoam contra o governo extremista
Curiosamente – ou talvez tragicamente – o maior embate não vem de fora, mas de dentro. Protestos massivos se multiplicam pelas ruas, onde famílias de reféns israelense se juntam a cidadãos e juntos marcham por Isralem com fotos de seus familiares ainda em posse dos terrostistas do Hamas, mas também são vistas imagens de crianças famintas, carregando sacos de farinha e todos esses manifestantes exigem o fim da guerra e da fome, que junto com a falta de água, saneamento, energia e tudo que é necessário à dignidade humana.
Cidadãos árabes israelenses incendiaram panelas vazias em Jaffa, Jerusalém e Sakhnin em um grito simbólico contra o que chamam de “genocídio”.
E sim, houve quem comparasse o governo de Netanyahu ao nazismo — o cancelamento de direitos, a destruição sistemática, o autoritarismo — e a comoção global cavou esse paralelo de maneira impactante.
O futuro que nos aguarda — se agirmos agora
Este não é um conflito apenas de estratégias militares; é uma encruzilhada ética. A comunidade internacional, da ONU às celebridades (Bono e U2 chamaram a atenção para a “leniência moral” diante da fome usada como arma) exigem responsabilidade e ajuda humanitária.
O risco? Um colapso diplomático total, com Israel isolado diante de sanções, rejeição global e possível intervenção jurídica — tudo isso no meio de um sofrimento civil sem precedentes.
O episódio traz à tona duas dimensões que se retroalimentam: a militar — onde Estados justificam operações por razões de segurança e inteligência — e a ética-jornalística — onde a presença de repórteres é vista como essencial para documentar conflitos, mas também os expõe a riscos enormes. Em cenários urbanos altamente militarizados, a distinção entre combatente e civil fica sujeita a disputas de fato e de prova, aumentando a necessidade de investigações independentes.
Há também um contexto humanitário mais amplo: Gaza vive um colapso de infraestruturas, escassez de alimentos e deslocamentos massivos — circunstâncias em que hospitais e jornalistas que cobrem sofrimento civil tornam-se, paradoxalmente, pontos de convergência tanto para testemunho quanto para risco. A morte de profissionais da imprensa numa área próxima a um hospital aumenta o impacto simbólico e prático sobre o fluxo de informação para fora da faixa.
Apesar do apoio dos EUA, o governo Netanyahu está minado

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu enfrenta forte rejeição interna, especialmente de sobreviventes e famílias de vítimas do ataque do Hamas ao Kibutz Nir Oz, onde um quarto dos moradores foi morto ou sequestrado em 7 de outubro. Acusado de prolongar a guerra em Gaza para proteger sua sobrevivência política e adiar seus próprios julgamentos por corrupção — nos quais responde por suborno, fraude e abuso de confiança —, ele é alvo de protestos semanais em Tel Aviv e vigílias de familiares de reféns, que o chamam de “Ministro do Crime”.
Pesquisas indicam que 73% dos israelenses defendem sua renúncia e o apoio ao Likud está em queda. Enquanto isso, Netanyahu recebe apoio mais caloroso em Washington do que em muitas partes de Israel.
O presidente Donald Trump chegou a pedir publicamente a retirada das acusações contra ele, gesto visto como interferência direta no Judiciário israelense e interpretado como tentativa de destravar um acordo para encerrar a guerra, já que o conflito tenderia a persistir enquanto Netanyahu tiver interesse pessoal em sua continuidade.
Popularidade de Benjamin Netanyahu
- A popularidade do Benjamin Netanyahu segue em queda livre. Num poll recente do Israel Democracy Institute, 73% dos israelenses querem que ele renuncie.
- Ainda mais: um levantamento indicou que 56% acham que ele deve renunciar após o conflito, e impressionantes 86% responsabilizam o governo de Netanyah pela falha de segurança que permitiu o ataque de 7 de outubro.
- Em resumo: enquanto o poder dele resiste no governo, a confiança do público está por um fio.
O que indicam as pesquisas mais recentes sobre a guerra em Gaza
- A pressão por um fim do conflito não é abstrata, é massiva. Um poll do Canal 12 (a emissora de TV com a maior audiência em Israel) mostrou que 69% dos israelenses apoiam encerrar a guerra em troca da libertação de todos os reféns, incluindo 54% dentro da base eleitoral de Netanyahu.
- Em outra pesquisa (Times of Israel / Kan), 61% apoiam avançar para a segunda fase do acordo de libertação de reféns, enquanto 68% afirmam que libertar os reféns é a prioridade mais importante, contra apenas 24% que priorizam a derrota do Hamas.
- Internamente, a moral do governo do exército está em queda: há protestos em massa por todo país, como em Tel Aviv, com pessoas pedindo cessar-fogo e libertação imediata dos reféns.
Fontes principais utilizadas na matéria acima: Al Jazeera (cobertura e nota da rede), Reuters (confirmação e alegações do IDF), AP (contexto da ofensiva), Le Monde e Committee to Protect Journalists (análises e reação de grupos de imprensa) e Times (popularidade de Benjamin Netanyahu é maior nos EUA do que em Israel)
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O post Assassinato de jornalistas e crimes de guerra em Gaza aumentam protestos contra governo de Israel apareceu primeiro em Estado do Pará Online.