Encontro no Planalto tenta conter prejuízos bilionários após tarifas de 50% impostas por Trump a produtos brasileiros; governo corre para liberar crédito, adiar impostos e evitar perda de estoques perecíveis
Por Sandra Venancio – Jornal Local – Foto Ricardo Stuckert/PR
O Palácio do Planalto virou nesta segunda-feira (11) um verdadeiro “quartel-general de crise”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, se reunirão hoje à tarde (11), para costurar os últimos detalhes de um plano de contingência emergencial. O objetivo: tentar conter os efeitos devastadores das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, anunciadas na última semana pelo presidente americano, Donald Trump.
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Fontes próximas à negociação afirmam que o clima é de urgência máxima. Entre as medidas em discussão, estão:
- Linhas especiais de crédito para empresas afetadas pela sanção americana, voltadas tanto para novos investimentos quanto para capital de giro imediato;
- Adiamento por até dois meses das cobranças de tributos e contribuições federais, repetindo um pacote já visto durante a pandemia da Covid-19;
- Compras públicas emergenciais de mercadorias perecíveis, como peixes, frutas e mel — estoques que, segundo o governo, já se acumulam nos portos e armazéns desde o anúncio explosivo de Trump.
A tensão é maior no setor de alimentos, que teme perdas bilionárias se a barreira tarifária se prolongar. Exportadores de pescado alertam que contêineres de peixe fresco estão a ponto de perder validade, enquanto produtores de frutas e apicultores reclamam de prejuízos irreversíveis.
Integrantes do governo avaliam que a medida de Trump é um ataque político disfarçado de decisão comercial. “Isso não é tarifa, é retaliação”, disse um assessor palaciano, em caráter reservado.
Pressão Internacional
A decisão de Trump, que alegou “proteger empregos americanos”, pegou Brasília de surpresa e gerou reação imediata da diplomacia brasileira. Fontes do Itamaraty confirmam que o Brasil estuda acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e costurar apoio de outros países atingidos pela mesma medida. Lula, porém, quer agir rápido no front interno para evitar desabastecimento e colapso nas cadeias produtivas — e, segundo auxiliares, não descarta telefonar diretamente para o presidente americano nos próximos dias.