Anderson Torres entrega alegações finais e pede pra ser absolvido

O ex-ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal), em suas alegações finais, que não cometeu crime e pediu absolvição no processo que apura a tentativa de golpe de Estado.

A defesa foca em 3 pontos principais: a dita “incompetência” do Supremo para julgar o caso, a fragilidade das acusações relacionadas às ações antidemocráticas e a ausência de omissão dolosa enquanto secretário de Segurança Pública do Distrito Federal durante os atos extremistas de 8 de janeiro.

Além disso, a defesa afirma que Torres sofreu cerceamento do direito de defesa. Segundo os advogados, não foram autorizadas diligências para identificar quem publicou a “minuta do golpe” antes da apreensão pela Polícia Federal, nem foi permitido obter registros de mensagens via WhatsApp de autoridades da segurança pública em 8 de janeiro.

O QUE ACONTECE AGORA

Depois da entrega das alegações finais, o caso entra na fase de elaboração do relatório pelo relator, ministro Alexandre de Moraes. Esse documento resume todo o processo, organiza as provas e traz o voto do relator, indicando se ele recomenda a absolvição ou condenação dos réus. Não há prazo definido para essa etapa.

Com o relatório pronto, o processo é enviado para julgamento na 1ª Turma do STF, composta também por Cármen Lúcia, Flávio Dino, Luiz Fux e pelo presidente Cristiano Zanin, responsável por marcar a data da sessão. No dia do julgamento, o relator apresenta o relatório, a PGR expõe suas considerações e cada defesa tem até uma hora para se manifestar. Em seguida, os ministros votam.  

Entenda mais abaixo:

RELEMBRE O QUE FOI DITO NA DENÚNCIA

  • Jair Bolsonaro — a denúncia aponta Bolsonaro como líder da organização criminosa. Segundo a PGR, ele coordenou a divulgação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral, atacou as urnas eletrônicas e incitou a intervenção das Forças Armadas. Também teria impedido a apresentação de conclusão da comissão da Defesa que comprovou a lisura das eleições, acompanhado o plano “Punhal Verde e Amarelo” e buscado apoio militar para a quebra da normalidade democrática;
  • Alexandre Ramagem — o ex-diretor-geral da Abin e deputado federal teria participado da disseminação de notícias falsas sobre suposta fraude eleitoral;
  • Almir Garnier Santos — o ex-comandante da Marinha é acusado de ter participado da elaboração da “minuta do golpe” e de ter comparecido à reunião sobre o plano;
  • Anderson Torres — a denúncia aponta que Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, usou seu cargo para atacar instituições, principalmente o TSE. Ele também teria atuado na live de Bolsonaro que iniciou os ataques e em operações da PRF para dificultar o acesso de eleitores às urnas;
  • Augusto Heleno — o general da reserva e ex-chefe do GSI é acusado de ajudar a estruturar o discurso de desinformação de Bolsonaro, incentivando ataques ao sistema eleitoral e descredibilizando instituições;
  • Mauro Cid — o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens confessou os atos praticados e firmou acordo de colaboração premiada com a PGR;
  • Paulo Sérgio Nogueira — o general e ex-ministro da Defesa participou da reunião em 7 de dezembro de 2022, quando a minuta do golpe foi apresentada, e teria ajudado a alterar a conclusão da comissão que avaliou a lisura das urnas;
  • Walter Braga Netto — o general da reserva e ex-ministro da Casa Civil é acusado de incitar movimentos populares e de buscar ampliar a adesão à tentativa de golpe com notícias falsas. Depois das eleições, teria dito a manifestantes que “algo aconteceria até o final do ano”;