Ex-presidente altera estratégia política no Congresso após avaliar que não há votos suficientes para aprovar anistia; movimento visa reduzir atrito com presidente da Câmara e reforçar defesa jurídica
Por Sandra Venancio – Jornal Local – Foto Paulo Pinto/Agencia brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro mudou a orientação política de sua base no Congresso e determinou que o PL recue da pressão pela aprovação do projeto de anistia, concentrando esforços na votação do fim do foro privilegiado, segundo informações do Globo. A decisão ocorre uma semana após o motim de 30 horas promovido pela oposição, que tensionou o ambiente legislativo.
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Aliados afirmam que Bolsonaro pediu que a anistia deixasse de ser prioridade para dar uma “sensação de autonomia” ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sem esclarecer claramente os motivos. A mudança surpreendeu líderes bolsonaristas, que haviam colocado o tema no topo da pauta, inclusive com incentivo direto do ex-presidente.
A decisão teria sido motivada pela avaliação de que não existem votos suficientes para aprovar a anistia, mesmo com pressão de Donald Trump, alimentada por narrativas do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Além disso, a manobra busca reduzir atrito com Motta, que ainda avalia punir 14 deputados envolvidos na ocupação da Mesa Diretora. Suspensões de até seis meses poderiam enfraquecer a bancada e comprometer ações do grupo no Congresso.
Com a nova prioridade, o fim do foro privilegiado, Bolsonaro pretende criar fôlego político diante de uma possível condenação por golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF). Embora a mudança de instância seja improvável, a aprovação da proposta poderia fortalecer o discurso bolsonarista e gerar novas disputas judiciais.
O ex-presidente ainda aposta em um voto contrário do ministro Luiz Fux na Primeira Turma do STF. Caso isso ocorra, a defesa tentaria levar o caso ao plenário, onde aliados como André Mendonça e Kássio Nunes Marques poderiam pedir vistas, atrasando a decisão final que pode levar Bolsonaro à prisão.