Eduardo Bolsonaro leva dossiê a Trump para manter sanções contra Moraes e pressionar STF

Documento elaborado com Paulo Figueiredo tenta convencer aliados do ex-presidente americano de que ofensiva já fragilizou o ministro e fortaleceu a oposição no Congresso

Por Sandra Venancio – Jornal Local – Foto Divulgação Redes Sociais

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) iniciou, nesta quarta-feira (13), uma série de reuniões em Washington D.C. com integrantes do governo dos Estados Unidos para entregar um dossiê sobre os supostos efeitos políticos da aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O objetivo é convencer aliados de Donald Trump a manter as sanções e explorar um possível isolamento político do magistrado.

Segundo informações da colunista Malu Gaspar, do O Globo, o documento foi elaborado por Eduardo em parceria com o ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo. O texto sustenta que as sanções impostas por Trump teriam gerado desconforto no STF, estimulado articulações no Congresso e impulsionado a pressão pela anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

O dossiê afirma que, embora a prisão domiciliar decretada por Moraes contra Bolsonaro não tenha sido revertida, a retaliação americana teria forçado um “reposicionamento interno” na Corte. O relatório também alega que Moraes teria tomado a decisão sem consulta ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, ou a ministros como Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, o que indicaria um suposto isolamento estratégico.

Entre os pontos destacados, o material cita:

  • Clima no Supremo: Barroso e Gilmar, apesar de defenderem Moraes publicamente, teriam recomendado moderação nas decisões;
  • Temor de novas sanções: Barroso, por ter vínculos patrimoniais em Miami, e Gilmar, que teria conversado com aliados de Bolsonaro e banqueiros antes da prisão domiciliar, estariam atentos a possíveis restrições;
  • Risco a outros ministros: A recomendação seria manter a pressão até isolar Moraes antes de avançar contra outros magistrados.

O documento também aborda a proposta de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro e a Bolsonaro, articulada por Arthur Lira (PP-AL) e setores da oposição, além do fim do foro privilegiado. A medida, segundo os articuladores, reduziria a influência do STF sobre parlamentares.

Outro trecho cita o apoio de 41 senadores ao impeachment de Moraes. Pesquisas do Instituto de Planejamento Estratégico (Ibespe) também foram incluídas, mostrando divisão da opinião pública sobre as sanções (42,6% a favor e 43,5% contra) e cenário eleitoral com Bolsonaro liderando em simulações contra Lula.

A entrega do dossiê acontece em meio a relações diplomáticas tensas entre Brasília e Washington. Uma reunião entre Fernando Haddad e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, foi cancelada, e o diálogo entre os governos se mantém restrito a encontros pontuais.

Com esse movimento, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo tentam ampliar a pressão internacional sobre Moraes e abrir espaço para novas sanções contra outros ministros do Supremo — numa estratégia que mistura guerra política, diplomacia paralela e cálculo eleitoral.

Documento elaborado com Paulo Figueiredo tenta convencer aliados do ex-presidente americano de que ofensiva já fragilizou o ministro e fortaleceu a oposição no Congresso.

PF pede mais tempo, STF concede — investigação contra Eduardo Bolsonaro segue sem prisão

A Polícia Federal solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, prorrogação do prazo para concluir o inquérito contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado por suposta atuação nos EUA contra o Estado brasileiro. Moraes atendeu ao pedido, estendendo as diligências por mais 60 dias.

  • Nenhuma prisão foi decretada.
  • O inquérito continua em curso, com foco em crimes como coação, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
  • A extensão do prazo reforça a necessidade de apurações mais aprofundadas, sem determinar prisão preventiva.

Contexto e repercussão:

  • Enquanto isso, líderes do PT (como Lindbergh Farias e Randolfe Rodrigues) encaminharam ao STF pedidos formais para que se avalie a possibilidade de prisão preventiva de Eduardo. A motivação são ameaças supostamente feitas por ele contra agentes da PF em live e sua atuação mediática considerada intimidadora.
  • A PF e autoridades apontam que sua permanência nos Estados Unidos dificulta qualquer medida cautelar inédita, como prisão ou mandados de busca.