Dr Daniel prefere pagar multa eleitoral a explicar patrimônio denunciado como fruto de corrupção

Não é novidade na política brasileira: quando acuado por investigações robustas, com provas documentais e indícios de corrupção, o caminho escolhido por muitos gestores é vestir a capa da vítima. O prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (MDB), parece seguir à risca esse manual.

Alvo da Operação Hades, deflagrada pelo Ministério Público do Pará, Santos foi colocado no centro de um suposto esquema de corrupção que movimentou cifras milionárias e resultou no bloqueio de R$ 131 milhões em bens atribuídos a ele — montante completamente incompatível com os R$ 4,8 milhões declarados à Justiça Eleitoral em 2024. A diferença gritante entre os números não apenas levanta suspeitas, mas também mina a credibilidade de seu discurso de “perseguido político”.

Em resposta, o prefeito partiu para o contra-ataque nas redes sociais. Antecipou a campanha eleitoral, adotou logomarca, slogan e até o título de “governador”. A tática é clara: desviar o foco das acusações e tentar transformar a narrativa judicial em palanque político. No entanto, o risco é duplo: além de responder pelas suspeitas de corrupção, Santos ainda pode ser punido pela Justiça Eleitoral por propaganda antecipada.

Essa estratégia de vitimização pode até ressoar junto a parcelas da população que enxergam conspiração em qualquer investigação, mas também reforça a imagem de um político que, em vez de esclarecer fatos e explicar patrimônio incompatível com sua renda, prefere apostar no confronto e na dramatização.

O slogan de sua gestão, “em outro patamar”, pode acabar soando irônico diante da realidade. Afinal, os bens milionários, as licitações suspeitas e as despesas pessoais bancadas por empresas contratadas pela prefeitura revelam, de fato, um outro patamar — mas o da promiscuidade entre poder público e interesses privados.

A revista VEJA publicou matéria nesta sexta-feira, 15, alertando para a estratégia de Daniel em fazer de seu processo judicial, o adiantamento da sua campanha eleitoral com vistas às eleições, o que leva parte dos eleitores que não votarão na candidata indicada pelo governador Helder Barbalho (MDB) e ainda agrega votos da direita e da esquerda, ambas com representantes em cargos estratégicos da gestão municipal.

Outros veículos de imprensa nacional já noticiaram assuntos relacionados à conduta de Dr. Daniel, que acusa veículos de imprensa locais de agirem sob o comando do governador, que até 2024 era considerado pelo prefeito como seu líder político e principal apoiador.

Ministro do STJ se declara suspeito após beneficiar prefeito de Ananindeua – Estado do Pará Online

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