Mãe manipula filha de 3 anos em falsa acusação de estupro e é condenada


Segundo a comunicação oficial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o 1º Núcleo de Justiça 4.0 – Cível Especializado manteve, por maioria de votos, a condenação de uma mulher a indenizar o ex-marido em R$ 30 mil por danos morais, após ela acusá-lo falsamente de abusar sexualmente da filha de apenas 3 anos de idade. O processo, ainda em tramitação e sob segredo de Justiça, cabe recurso.

De acordo com o TJMG, a denúncia feita pela mulher foi alvo de apuração pela delegacia especializada, mas as investigações não confirmaram qualquer indício do crime. Ainda assim, o dano moral ao homem ficou configurado, já que a acusação, extremamente grave, chegou ao conhecimento de familiares e pessoas próximas, gerando constrangimento e abalo à sua honra.

O relator do caso, juiz de 2º Grau Élito Batista de Almeida, destacou que a relação do casal sempre foi conturbada e que as conversas anexadas ao processo demonstram um histórico de conflitos. Ele ressaltou que, nos áudios apresentados pela ex-esposa, fica claro que a criança foi induzida a repetir frases para incriminar o pai — conduta que, segundo o magistrado, revela dolo e caracteriza ato ilícito.

A juíza que julgou o processo criminal negou as medidas protetivas pedidas pela mãe justamente por identificar essa indução.

O voto do relator foi acompanhado pelos desembargadores Wilson Benevides e Alexandre Victor de Carvalho. Já os desembargadores Yeda Athias e Alexandre Santiago entenderam que o valor da indenização deveria ser reduzido para R$ 10 mil.

Criança como Instrumentos de vingança

Esse caso revela um dos cenários mais perversos que podem ocorrer em disputas familiares: o uso de um filho pequeno como instrumento de vingança contra o outro genitor. Acusar falsamente alguém de abuso sexual é uma das acusações mais devastadoras que se pode fazer, não apenas pela gravidade do crime, mas pelo estigma permanente que pode acompanhar a pessoa, mesmo inocentada.

Quando essa acusação envolve manipular uma criança para corroborar uma mentira, o dano se multiplica — atinge o acusado, destrói laços familiares e afeta emocionalmente a própria vítima da manipulação, que ainda é incapaz de compreender a dimensão do que está sendo induzida a dizer.

Embora o processo siga em segredo de Justiça e ainda caiba recurso, a decisão do TJMG — ao reconhecer o dolo e a gravidade da conduta — aponta para a necessidade de responsabilização firme nesse tipo de situação.

A falsa acusação não apenas atinge o acusado, mas também enfraquece a credibilidade de denúncias verdadeiras, prejudicando vítimas reais de abuso.

Ao manter a condenação, o TJMG reforça que a Justiça não será conivente com manipulações que exploram a fragilidade infantil para alimentar ódios pessoais. A mensagem é clara: a mentira tem consequências — e graves.


O que diz a lei

  1. Denunciação caluniosa
    • Prevista no artigo 339 do Código Penal.
    • Pena: de 2 a 8 anos de prisão, além de multa.
    • Ocorre quando alguém acusa falsamente outra pessoa de um crime, sabendo que ela é inocente.
  2. Manipulação de menor para fins ilícitos
    • Pode configurar subtração de incapaz, maus-tratos psicológicos e até alienação parental (Lei nº 12.318/2010).
    • A alienação parental pode levar à perda da guarda e suspensão do poder familiar.
  3. Danos morais
    • A vítima de acusação falsa pode processar o autor por reparação civil.
    • Valores variam conforme a gravidade do caso e os prejuízos causados, mas podem chegar a centenas de milhares de reais em situações de grande repercussão.

The post Mãe manipula filha de 3 anos em falsa acusação de estupro e é condenada appeared first on Ver-o-Fato.