Primeiro encontro entre os líderes desde 2018 ocorre sem a presença de Zelensky; reunião é vista como momento decisivo, mas com risco de fracasso
Sandra Venancio – Jornal Local – Foto Kremlin/Fotos Públicas
Donald Trump e Vladimir Putin voltam a se encontrar nesta sexta-feira (15), no Alasca, para a primeira cúpula entre Estados Unidos e Rússia desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. O encontro, marcado para as 16h (horário de Brasília) em uma base militar que já foi usada para espionagem contra a ex-União Soviética, promete tanto abrir caminho para um acordo de paz quanto aprofundar tensões, dependendo do resultado das negociações.
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A ausência do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chama atenção. Segundo a Casa Branca, a exclusão foi resultado direto de um pedido de Putin, que idealizou o encontro a sós com Trump. Essa configuração aumenta o peso simbólico da reunião, já que coloca frente a frente dois dos principais protagonistas da geopolítica mundial, sem a voz direta da Ucrânia na mesa.
O encontro desta sexta é o primeiro tête-à-tête entre os líderes desde 2018, quando Putin convenceu Trump a adotar a narrativa russa sobre suposta não interferência nas eleições norte-americanas, contrariando a própria CIA. Agora, analistas apontam que o ex-presidente dos EUA retorna mais autoritário e experiente, capaz de se impor diante do líder russo — mas também com um histórico de mensagens dúbias e mudanças de postura.
Na véspera, Putin elogiou os “esforços sinceros” de Washington para encerrar o conflito e afirmou que o encontro pode “selar a paz mundial”, desde que incluído um acordo para restringir o uso de armas estratégicas, como as nucleares. Já Trump, mesmo projetando confiança, disse avaliar em 25% a probabilidade de o encontro “terminar mal” e já fala em uma segunda reunião, antes mesmo da primeira acontecer.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, reforçou a cautela: “Em última instância, caberá à Ucrânia e à Rússia concordar pela paz”. Entre gestos diplomáticos e a retórica belicosa dos últimos meses, o encontro no Alasca representa uma aposta arriscada, mas potencialmente decisiva para o futuro da guerra.
Histórico das cúpulas TrumpXPutin
- 2018 (Helsinque, Finlândia): Foco em alegações de interferência eleitoral; Trump apoiou versão russa, contrariando agências de inteligência dos EUA.
- 2025 (Alasca, EUA): Primeira reunião desde a guerra na Ucrânia; sem presença de Zelensky; pauta inclui cessar-fogo e limitação de armas estratégicas.
Guerra na Ucrânia:
- Iniciada em fevereiro de 2022, após invasão russa.
- Estimativa de 500 mil baixas militares somando ambos os lados.
- Milhões de deslocados e grave crise humanitária.
- Negociações de cessar-fogo têm fracassado desde 2022.
Base militar no Alasca:
- Local do encontro foi usado durante a Guerra Fria para monitorar comunicações da ex-União Soviética.
- Simboliza a interseção entre diplomacia e espionagem na história EUA-Rússia.