Editorial detecta sentimento nacional: “Sem Lula, nem Bolsonaro”

Afirmativa vem no rastro de declaração do governador Tarcísio de Freitas, em encontro de prescindenciáveis da direita, em São Paulo

Brasília – Ao complementar a frase de efeito: “O Brasil não aguenta mais o Lula, nem o PT”, que marcou a fala do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) no AgroForum, no encontro promovido pelo Banco de Investimentos BTG Pactual, na quarta-feira (13), o editorial deste sábado (16), do Estadão (para assinantes aqui), acrescenta: “(…) Mas os candidatos à direita devem saber que o Brasil também não aguenta mais Bolsonaro”. Tal posicionamento não é apenas um diagnóstico político, mas a condensação de um esgotamento histórico, comprovado por dados e pelo cotidiano. Parcela considerável do eleitoral clama por uma terceira via como saída da tóxica polarização que tomou o país de assalto.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, proferiu a declaração marcante que resumiu o sentimento de esgotamento político no país: “O Brasil não aguenta mais o PT, o Brasil não aguenta mais o Lula.” Tal afirmação, feita na presença de outros potenciais candidatos à presidência como Ratinho Jr. (PSD), governador do Paraná; Eduardo Leite (PSD), governador do Rio Grande do Sul, e Ronaldo Caiado (União Brasil), governador do Goiás, foi o ponto alto do evento.

A perspectiva apresentada no editorial detalha que a insatisfação vocalizada por Tarcísio de Freitas transcende a retórica eleitoral e reflete um “sentimento popular, traduzido em índices de rejeição”. A publicação elucida que o modelo “lulopetista” é caracterizado como “fiscalmente insustentável, economicamente estagnante, institucionalmente corrosivo e diplomaticamente anacrônico”. A análise pormenorizada do texto remonta à postura do PT na oposição, descrita como “irresponsável”, por rejeitar “marcos civilizacionais, a começar pela Constituição e o Plano Real”.

Quando no governo, o impacto da gestão petista, conforme o editorial, resultou em um “retrocesso na produtividade, deterioração fiscal, aparelhamento do Estado, corrosão da moralidade pública e uma política externa que confunde alinhamento com ditaduras e hostilidade ao Ocidente com ‘soberania’”. No âmbito econômico, o artigo opinativo do centenário jornal paulista, afirma que o “lulopetismo substituiu reformas estruturais por expansão desenfreada do gasto corrente, subsídios distorcivos e intervencionismo improvisado”. As consequências, ainda segundo a publicação, são visíveis na “dívida crescente, no déficit crônico, nos juros exorbitantes, na paralisia do investimento privado”. Um dado ressaltado pela publicação, citando o Fundo Monetário Internacional (FMI), é que, em 45 anos, o Brasil “despencou do 48.º para o 87.º lugar no ranking de PIB per capita, aproximando-se da metade mais pobre do planeta”, estabelecendo uma “relação direta” com o fato de o PT ter governado o Brasil em “16 dos últimos 22 anos”. É o clássico: Contra fatos, argumentos são apenas tentativas de distorção da verdade.

Ainda sobre a gestão petista, o texto aborda a “cultura institucional moldada pelo PT” como “adversa ao mérito e complacente com o clientelismo”. O texto descreve que a “máquina pública foi loteada a aliados”, as “estatais, transformadas em cabides de emprego”, e o Congresso, “tratado ora como inimigo, ora como balcão de negócios”. Na política externa, a publicação salienta que Lula “insiste em bajular autocratas e dar declarações contra o ‘imperialismo estadunidense’”, mesmo enquanto outras nações como China, Europa e Vietnã negociam pragmaticamente com os EUA. No campo moral, o editorial destaca um “relativismo corrosivo”, apontando que o partido que “reivindica o monopólio da ética capitaneou o maior escândalo de corrupção da história nacional”.

A fala de Tarcísio de Freitas de que o Brasil “não aguenta mais…” é interpretada pelo artigo como a verbalização de um “limite estrutural”. O texto sugere que a população e as projeções confirmam que o país “não suporta mais regimes fiscais que empilham déficits e empurram a conta para o futuro”. A exaustão também é descrita como “geopolítica e tecnológica”, com o “lulopetismo” insistindo em “reviver debates marxistas antediluvianos, preso a um saudosismo sindical e a rancores de grêmio estudantil”, enquanto o mundo avança na “transição energética e da economia do conhecimento”.

O editorial prossegue, indicando que os “princípios defendidos pelos governadores durante o encontro apontam na direção certa”, sem a necessidade de endossar candidaturas específicas. Esses princípios incluem “responsabilidade social sustentada por responsabilidade fiscal, reforma orçamentária, modernização administrativa, combate à corrupção e privilégios e uma visão de futuro conectada às oportunidades globais”. Essa seria a “virada de página” necessária para o país.

Entretanto, o editorial enfatiza um aspecto primordial e incômodo: “O Brasil não aguenta mais o bolsonarismo também”. A publicação contextualiza que o “populismo bolsonarista” é visto como um “subproduto dialético do populismo lulopetista”. Argumenta-se que o “antipetismo viabilizou a ascensão de Bolsonaro, e o antibolsonarismo viabilizou o retorno de Lula”, aprisionando o país em um “ciclo infernal de ressentimento, radicalização e estagnação”. O rompimento desse ciclo é apresentado como “condição para avançar”. Uma síntese apresentada no artigo, atribuída a Ratinho Jr., sugere a eleição de “uma pessoa normal”.

A conclusão do editorial é que “virar a página não é trocar um demagogo por outro”. Implica “abandonar a mentalidade retrógrada que nos prende a crises recorrentes, colocar a responsabilidade fiscal no centro da agenda, reafirmar o compromisso com instituições sólidas e abraçar o mundo como ele é, e não como o imaginário ideológico o descreve”. O artigo encerra reiterando que “o Brasil não aguenta mais Lula e Bolsonaro – e, se não superá-los de uma vez, estará condenado à mais profunda mediocridade”.

Reportagem: Val-André Mutran é repórter especial para o Portal Ver-o-Fato e está sediado em Brasília.

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