Nos dias 17 e 18 de agosto, Belém está sediando um mutirão de cirurgias voltado para crianças com deformidades congênitas nas mãos. A iniciativa, considerada um marco para a saúde infantil no Pará, deve beneficiar cerca de 20 pacientes vindos da capital e de municípios do interior.
A ação é organizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) e o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR).
Antes dos procedimentos, no sábado (16), as crianças foram acolhidas no CIIR em um ambiente preparado para reduzir a ansiedade e fortalecer a confiança das famílias. O espaço contou com atividades lúdicas, fotografias e apresentações das equipes médicas.
As cirurgias estão sendo realizadas no HRAS com a participação de especialistas nacionais e internacionais. Segundo o cirurgião paraense Rui Barros, responsável técnico pela ação, esta edição é a mais complexa já realizada no Estado.
“Estamos tratando casos de alta complexidade, planejados com todo o cuidado. O pós-operatório será fundamental para garantir o sucesso do tratamento”, afirmou.
As intervenções corrigem deformidades severas, muitas associadas à paralisia cerebral, que comprometem funções motoras e impactam o desenvolvimento das crianças. Além da reabilitação física, os procedimentos têm efeito direto sobre a autoestima e a inclusão social, reduzindo situações de preconceito e bullying.
Famílias de diferentes municípios expressaram esperança com os resultados. Danielle Quaresma, mãe de Maria Júlia, de 2 anos, destacou o desejo de oferecer uma infância normal à filha: “O meu maior desejo é que ela cresça com qualidade de vida”. Já Arlinda Santana, mãe de Arielle, de 1 ano e 5 meses, disse estar confiante: “É uma cirurgia delicada, mas tenho certeza de que minha filha terá um futuro melhor”.
A secretária de Saúde do Pará, Ivete Vaz, ressaltou o impacto da ação:
“Essa iniciativa traz esperança e qualidade de vida. O Pará é o único estado do Brasil a manter um programa específico para o tratamento de deformidades congênitas nas mãos e pés, totalmente gratuito pelo SUS”, afirmou.
O Hospital Abelardo Santos é referência nesse tipo de atendimento. Apenas em 2024, realizou 911 cirurgias ortopédicas infantis, sendo 68 voltadas para correção de deformidades nas mãos. No primeiro semestre de 2025, já foram realizados 647 procedimentos.
Segundo o diretor técnico da unidade, Marcel Ramalho, os resultados vão além da correção física:
“As cirurgias devolvem autonomia, autoestima e novas perspectivas de futuro. É uma oportunidade de transformar vidas”, destacou.
O mutirão reforça o compromisso do Estado com a saúde pública e consolida o pioneirismo do Pará em oferecer tratamento especializado e gratuito para crianças com deformidades congênitas nas mãos.
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