Leia a lista de falhas em plataforma de petróleo em Peregrino

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) listou uma série de falhas graves no FPSO Peregrino, operado pela Equinor em parceria com a Prio, no Campo de Peregrino, Bacia de Campos.

No Documento de Fiscalização obtido pelo Poder360, os técnicos falam em situações de risco grave e iminente. Eis a íntegra (PDF – 11 MB).

Segundo o documento, diante do risco “grave e iminente” identificado, a ANP determinou a paralisação imediata de qualquer operação com hidrocarbonetos até que as irregularidades sejam sanadas.

A medida suspende a produção de cerca de 100 mil barris de petróleo por dia. A Prio informou em comunicado que a Equinor já iniciou reparos, com prazo estimado de 3 a 6 semanas para conclusão. Eis a íntegra do documento (PDF – 455 kB).

Entre os principais problemas estão:

  • Estudos de risco desatualizados: HAZOP (Estudo de Perigos e Operabilidade) sem revisão desde 2016; EERA (Análise de Escape, Evacuação e Resgate) de 2012 feita sem considerar o projeto final; estudos de dispersão de gases e colapso estrutural com premissas incorretas.
  • Tempo de escape inadequado: fuga da casa de bombas leva mais de 100 segundos, enquanto o sistema de CO₂ dispara em 90 segundos, inviabilizando a saída segura.
  • Sistema de detecção de fogo: recomendações de 2020 para cobertura de detectores de chama não foram totalmente implementadas.
  • Sistema de drenagem comprometido: falhas de projeto e integridade, com furos que permitem vazamento de fluidos inflamáveis para pisos inferiores.
  • Sistema de dilúvio deficiente: baixa confiabilidade, vazões abaixo do mínimo em áreas críticas e aspersores mal posicionados a menos de 5 cm dos equipamentos.
  • Comunicação de emergência degradada: falhas no sistema de alarme e em rádios, inclusive em áreas críticas, sem correções efetivas desde 2016.
  • Testes de válvulas de segurança inválidos: metodologia inadequada e uso de norma incorreta.
  • Proteções contra explosão degradadas: salas de painéis elétricos com pressão positiva insuficiente e equipamentos sem isolamento adequado.
  • Salas de baterias: sensores de hidrogênio instalados em posição inadequada e falhas de ventilação.

 

A empresa brasileira detém 40% de participação na unidade e está em processo de adquirir os 60% restantes da Equinor por US$ 3,35 bilhões. O fechamento da transação está previsto para o início de 2026, condicionado à aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).