Preço da carne dispara e chega a R$ 150 o quilo nos EUA em meio a crise climática e tarifas contra o Brasil

Preço recorde reflete seca histórica, restrições ao México e aumento de tarifas sobre importações brasileiras; especialistas projetam queda na produção interna em 2025

Por Sandra Venancio

A carne bovina atingiu o maior preço da história nos Estados Unidos, ultrapassando a marca de R$ 150 o quilo, segundo dados da CNN Brasil. A disparada é resultado da combinação de três fatores: mudanças climáticas severas, restrições sanitárias ao México e tarifas mais altas aplicadas contra o Brasil, dois dos principais fornecedores externos do mercado norte-americano.

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De acordo com pesquisa mensal de inflação nos EUA, a carne para churrasco chegou a US$ 11,87 por libra (aproximadamente R$ 150 o quilo), registrando alta de 3,3% em apenas um mês e 9% nos últimos seis meses.

O impacto também atingiu a carne moída, base dos tradicionais hambúrgueres americanos. O preço do produto subiu 3,9% só em julho e acumula valorização de 15,3% em meio ano, alcançando US$ 6,33 por libra — cerca de R$ 75 o quilo.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo suas projeções de produção pecuária em 2025. A nova estimativa é de 25,9 bilhões de libras de carne bovina, número 1% menor em relação ao mês anterior e 4% abaixo da previsão feita no início do ano.

Em relatório oficial, o USDA destacou: “A produção de carne bovina foi reduzida devido à redução do abate de bovinos alimentados e não alimentados e aos animais que têm registrado peso menor”.

Impactos e perspectivas

A seca prolongada e o efeito direto das mudanças climáticas vêm reduzindo o número de animais nos pastos e comprometendo a produtividade da pecuária norte-americana. O quadro se agrava com as restrições sanitárias impostas ao México, que limitam a importação de gado em pé, e com as tarifas adicionais contra o Brasil, hoje um dos maiores exportadores globais.

Economistas apontam que, diante desse cenário, os consumidores americanos devem enfrentar alta prolongada dos preços da carne ao longo de 2025, pressionando a inflação dos alimentos e mudando hábitos de consumo — com a substituição gradual da carne bovina por frango, porco e proteínas alternativas.