A premiada Cia Treme Terra (SP) chega ao Pará com o espetáculo Terreiro Urbano e o documentário Danças Negras, reunindo corpo, som e ancestralidade em uma programação gratuita em Belém e na Ilha do Marajó. As apresentações gratuitas, que acontecem de 21 a 27 de agosto, propõem um encontro entre territórios, memórias e saberes, fortalecendo o intercâmbio artístico entre a negritude do país.
Referência em dança afro-brasileira, a Cia Treme Terra atua há quase duas décadas com projetos artísticos e pedagógicos voltados à cultura negra. Com uma trajetória que inclui apresentações na Alemanha, Bulgária e Bolívia, a companhia já conquistou prêmios como Klauss Vianna, Fomento à Dança e Prêmio Denilto Gomes. A circulação no Pará é viabilizada com apoio da Bolsa Funarte de Dança Klauss Vianna – Ministério da Cultura.
Diálogo ancestral com a Amazônia
Neste projeto, a cia aponta para a Norte e percorre estados da região. A escolha do Pará como ponto de partida não é casual. O estado representa, para a Treme Terra, um lugar de afeto e continuidade de pesquisa.
Em 2019, João esteve na região do Marajó para documentar mestres do carimbó como Damasceno, Zampa e Vavá, além de visitar o Quilombo do Barro Alto — experiência que, segundo ele, “revelou a potência da cultura quilombola paraense e despertou o desejo de retornar”. Agora, o reencontro se dá pela dança, pelo cinema e pela partilha.
“Retornar ao Pará com Terreiro Urbano vai além da apresentação de um espetáculo. Trata-se de construir laços e aprofundar reflexões sobre a arte negra no Brasil a partir da escuta e da vivência com as comunidades afro-amazônicas”, afirma João Nascimento, diretor-fundador da companhia.
Terreiro Urbano: o sagrado em movimento
Criado em 2011, o espetáculo Terreiro Urbano é uma das obras mais emblemáticas da Cia Treme Terra, com mais de 100 apresentações no Brasil e no exterior. Inspirado na mitologia dos orixás e estruturado a partir da cerimônia do xirê, o espetáculo propõe uma releitura contemporânea das expressões corporais e rituais das religiões de matriz africana, ativando danças ancestrais como forma de resistência, memória e cura.
Danças Negras
A programação traz ainda o documentário Danças Negras, lançado em 2020 após oito anos de pesquisa. O filme reúne depoimentos de personalidades das artes do corpo, dos terreiros, da academia e do movimento negro, entre elas Makota Valdina, Raquel Trindade, Mestre Lumumba, Kabengele Munanga e Clyde Morgan.
A obra discute os desafios e potências da arte negra na contemporaneidade e foi exibida em mais de 15 salas de cinema no Brasil. Segundo João Nascimento, “o audiovisual tornou-se uma ferramenta política fundamental para a companhia: é memória, denúncia, pesquisa e linguagem artística ao mesmo tempo. Uma forma de manter vivo um legado que por muito tempo foi silenciado.”
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Serviço:
BELÉM
21/08
14h – Oficinas de Dança
Local: Sesc da Casa da Música (Tv. Quintino Bocaiúva, 589 – Reduto)
19h – Exibição de filme
Local: Espaço Experimental de Dança (R. Domingos Marreiros, 1775 – Umarizal)
22/08
19h – Apresentação Terreiro Urbano
Local: Sesc da Casa da Música (Tv. Quintino Bocaiúva, 589 – Reduto)
23/08
19h – Apresentação Terreiro Urbano
Local: Sesc da Casa da Música (Tv. Quintino Bocaiúva, 589 – Reduto)
24/08
17h – Exibição de filme
Local: CEDENPA (Passagem Paulo VI, 244 – Cremação)
SOURE – ILHA DO MARAJÓ
25/08
17h – Oficinas de Dança
Local: Casa do Negro (3ª Rua, travessas 6 e 7 – 1519 – Novo)
26/08
19h – Apresentação Terreiro Urbano
Local: Casa do Negro (3ª Rua, travessas 6 e 7 – 1519 – Novo)
27/08
19h – Apresentação Terreiro Urbano
Local: Grupo Cruzeirinho (esq. com R. Sexta, Tv. Treze, s/n – Centro)
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