Ultrafarma e Fast Shop no centro de esquema bilionário de corrupção em São Paulo

MP-SP aponta fraudes milionárias envolvendo auditores fiscais e gigantes do varejo; dono da Ultrafarma e executivo da Fast Shop foram soltos após pagamento de fiança de R$ 25 milhões cada

Por Sandra Venancio – Foto Reprodução Redes Sociais

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ampliou, neste domingo (18), o cerco contra um suposto esquema de corrupção bilionário que teria beneficiado grandes varejistas como Ultrafarma e Fast Shop. A investigação agora atinge mais cinco auditores fiscais, além dos dois já presos, acusados de facilitar manobras para reduzir impostos e lavar dinheiro com ajuda de empresários e intermediários.

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A revelação foi feita pelo programa Fantástico, da TV Globo, e confirmada por documentos aos quais a Folha de S.Paulo também teve acesso. Entre as empresas que surgem na mira dos promotores estão a rede de farmácias Ultrafarma, a varejista de eletrodomésticos e eletrônicos Fast Shop, além da Oxxo, da Rede 28 Postos de Combustíveis e da Allmix Distribuidora.

Apesar das citações, o MP-SP ainda não detalhou as negociações entre essas companhias e os auditores. Até o momento, os representantes das empresas não foram alvo de mandados de busca, apreensão ou prisão.

Na sexta-feira (16), a Justiça autorizou a soltura de Sidney Oliveira, fundador da Ultrafarma, e de Mario Otavio Gomes, executivo da Fast Shop. Ambos haviam sido presos temporariamente e ganharam liberdade após pagar fiança de R$ 25 milhões cada.

O esquema, segundo a promotoria, funcionava graças ao comando do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, apontado como o responsável por “dar o caminho das pedras” para fraudar tributos e beneficiar grandes grupos empresariais. Sua prisão temporária foi prorrogada.

Outro auditor, Marcelo de Almeida Gouveia, também continua detido. Já Tatiane de Conceição Lopes, suspeita de ajudar na lavagem de dinheiro, teve a prisão convertida em domiciliar. O marido dela, Celso Éder Gonzaga de Araújo, também é investigado.

Como funcionava o esquema

De acordo com o MP-SP, os auditores ofereciam vantagens fiscais a empresas de grande porte em troca de pagamentos ilegais, reduzindo dívidas tributárias ou facilitando compensações fraudulentas. Estima-se que o prejuízo aos cofres públicos chegue a centenas de milhões de reais.

A promotoria informou ainda que está levantando todos os clientes dos dois auditores já presos, o que pode ampliar a lista de companhias investigadas.

O caso é tratado como uma das maiores ofensivas contra corrupção no fisco paulista desde a Operação Lava Jato.