Anatel defende tolerância zero com provedores de internet irregulares

A superintendente de Fiscalização da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Gesiléa Fonseca Teles, afirmou nesta 3ª feira (19.ago.2025) que o plano de ação da agência aprovado em junho de 2025 para combater empresas que atuam de forma irregular na distribuição de banda larga fixa e das PPPs (prestadoras de pequeno porte) é fundamental para a sobrevivência do mercado.

“Vamos fiscalizar e conscientizar usuários, empresas e fornecedores para alcançar a regularização. Os provedores que fazem uma concorrência leal e cumprem seus deveres continuarão oferecendo serviços de ótima qualidade. As PPPs prestam serviços de ótima qualidade e são muito bem vistas entre os consumidores, mas temos que tirar do mercado as empresas que estão destruindo o mercado”, afirmou durante o 5º Simpósio TelComp – Telecom, Tecnologia e Competição para o Futuro Digital.

Gesiléa Teles disse que a tolerância com empresas que atuam na irregularidade é zero, mas afirmou ser necessário entender “caso a caso” para evitar que regiões que dependem exclusivamente dessas empresas fiquem sem serviço –que é considerado essencial.

“A tolerância é zero. Mas teremos análises caso a caso. Se houver alguma PPP que é a única prestadora para uma região, não tem como parar de vez, nesse caso vamos analisar como faremos a suspensão da empresa”, declarou.

Assista ao 1º dia de simpósio: 

ENTENDA

O objetivo do plano de ação da Anatel é endurecer a fiscalização contra provedores clandestinos e obrigar empresas que operam de forma irregular a se registrar na agência. A agência defende que as PPPs têm papel central na expansão da internet, inclusive em regiões mais pobres, mas enfrentam riscos de concorrência desleal de quem não segue as regras. Leia a íntegra (PDF – 87 kB).

Segundo a agência, no entanto, mais de 41% das empresas habilitadas a prestar o SCM (Serviço de Comunicação Multimídia) não enviaram informações obrigatórias sobre o número de acessos, taxa que ultrapassa 55% entre aquelas dispensadas de outorga. Esse cenário compromete a transparência, dificulta o planejamento regulatório e favorece práticas desleais.

O plano determina:

  • combate a concorrência desleal e regularização de serviços de banda larga fixa;
  • suspensão cautelar da dispensa de SCM, exigindo que todas as prestadoras obtenham outorga;
  • prazo de 120 dias para prestadoras de SCM dispensadas obter outorga para serviços de interesse coletivo; e
  • regularização do envio de dados sobre acessos e do cadastramento das estações, licenciáveis ou não.

Eis a função de cada superintendência da agência no plano:

SUE (Superintendência Executiva):

  • coordena o plano, acompanha a execução e divulga resultados.

SOR (Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação):

  • notificar empresas que atuam sem outorga para se regularizar;
  • cassar outorgas de quem não mantém condições legais;
  • bloquear acesso a radiofrequências ou numeração para empresas irregulares.

SPR (Superintendência de Planejamento e Regulamentação):

  • revisar regras de outorga e dispensa;
  • criar selo de regularidade para provedores;
  • propor uso de recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) para recuperar redes danificadas por clandestinas.

SRC (Superintendência de Relação com Consumidores):

  • criar canal nacional de denúncias de clandestinos;
  • campanhas de conscientização para que consumidores saibam identificar empresas regulares.

SCP (Superintendência de Competição):

  • impedir que empresas irregulares usem infraestrutura compartilhada;
  • proibir operadoras de contratar com provedores sem outorga.

SFI (Superintendência de Fiscalização):

  • identificar os clandestinos;
  • atuar em parceria com polícia e secretarias de fazenda;
  • rastrear origem e destino de equipamentos usados.

APC (Assessoria de Comunicação Social):

  • apoiar a divulgação do plano e campanhas de orientação.

Gesiléa diz que, mesmo com o trabalho de todas as superintendências, “acabar de uma vez por todas” com as fraudes será difícil. “Nunca vamos conseguir acabar com o fraudulento, mas a fiscalização da Anatel ficará atrás deles para reduzir ao máximo”.

A TelComp

A TelComp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas) reúne cerca de 60 operadoras de telecomunicações e atua para promover a competição como alavanca para o desenvolvimento do setor. Com 25 anos, a entidade representa os interesses de operadoras de telefonia fixa e móvel, banda larga e acesso à internet, TV por assinatura, data centers, serviços corporativos, atacado e cabos submarinos.