Às vésperas da COP 30, Helder se opõe à àrea de proteção de 101 lagos naturais

Enquanto se prepara para receber líderes mundiais em discussão climática, Helder Barbalho se opõe à criação de APA que concilia conservação e desenvolvimento

Às vésperas da COP 30, em um contraste gritante com a imagem de proteção ambiental que tenta projetar ao mundo, o governador Helder Barbalho (MDB), se manifestou contra a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) do Paleocanal do Rio Tocantins. A oposição do governador, vocalizada através de um vídeo nas redes sociais, segue a cartilha do desenvolvimento a qualquer custo, repetindo o mantra de “geração de emprego e renda” como justificativa única para se opor à preservação de um patrimônio natural e histórico único.

Que mentira, Helder. Essa falácia de emprego e desenvolvimento, já conhecemos. Mineração, agronegócio, hidrelétricas, garimpo. Todas prometeram desenvolvimento e emprego e só trouxeram destruição“, disse em vídeo a liderança indígena Auricelia Arapiun, rebatendo o argumento sempre repetido quando da implantação de grandes projetos.

O ICMBio já se manifestou para esclarecer o fala do governador. A autarquia federal afirma “de forma inequívoca” que a criação da APA não afeta o projeto da hidrovia. A categoria APA foi escolhida exatamente por ser a mais flexível, permitindo a manutenção de propriedades privadas, a agropecuária e a instalação de empreendimentos de grande porte. “A APA representa uma oportunidade de demonstrar que é possível conciliar desenvolvimento econômico e conservação da biodiversidade“, destacou o instituto.

Ao criar um falso conflito entre hidrovia e APA, o governador parece preferir a desordem atual a um modelo de gestão que garanta a perenidade dos recursos hídricos e ecológicos que são, em última análise, a base de qualquer projeto de logística e desenvolvimento futuro para a região. A proteção do Paleocanal, afinal, é também a proteção do próprio curso d’água que a hidrovia pretende navegar.

Sobre o projeto da APA

O projeto da APA do Paleocanal do Rio Tocantins não é uma novidade “criada recentemente para inviabilizar” obras, como insinuou Barbalho. Suas origens remontam ao Projeto Radam, de 1974. O termo “Paleocanal” foi cunhado em 1984 pelo renomado geógrafo Aziz Ab’Saber, após estudos iniciados em 1982 pelo Grupo Gema, ligado à Fundação Casa da Cultura de Marabá – uma instituição que, sozinha, manteve viva a pesquisa sobre a região por quase 40 anos.

Posteriormente, a Fundação Casa da Cultura assumiu os estudos que eram do Gema e levou sozinha até 2022. Em 2023, ganhou o suporte de estudiosos da Unifesspa e do ICMBio, e em 2024 foi consolidado o projeto de criação de duas APAs, sendo uma do Paleocanal do Rio Tocantins e outra do Bico do Papagaio.

Na região entre os municípios de Marabá, Itupiranga e Nova Ipixuna há registros de mais 150 lagos naturais, dos quais 101 estão dentro do polígono da APA do Paleocanal do Rio Tocantins (os demais já se encontram secos). Os lagos do Paleocanal garantem a conservação de espécies ameaçadas e endêmicas e sustento de dezenas de comunidades como ribeirinhos, pescadores, vazanteiros, agricultores e quebradeiras de coco babaçu.

Com informações do Correio de Carajás

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