Ministério dos Transportes recebe CCCC para discutir cooperação e modernização da malha nacional
Por Sandra Venancio – Foto Michel Corvelo/MT
O Ministério dos Transportes recebeu, nesta quarta-feira (19), representantes da China Communications Construction Company Limited (CCCC) para tratar de oportunidades de cooperação e novos investimentos no setor ferroviário brasileiro. O encontro reforça a intenção de ampliar a infraestrutura logística do país e modernizar a malha ferroviária.
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Segundo o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, a troca de experiências com a empresa chinesa é estratégica diante dos desafios da topografia brasileira e da necessidade de projetos de alta complexidade. “É sempre impressionante ver como a China tem experiência internacional no setor de ferrovias. Para o nosso país, isso é fundamental, já que planejamos construir novas ferrovias. Me chamou a atenção a engenharia de alta precisão aplicada a obras de arte especiais, como pontes e túneis. Nossa topografia é desafiadora e contar com empresas especializadas nessa área é crucial”, afirmou.
Durante o encontro, também foi discutida a possibilidade de implementar modelos de negócios inovadores, como o Transit Oriented Development (TOD), que combina projetos ferroviários com exploração imobiliária. Ribeiro acrescentou que o modelo poderá ser avaliado em futuros projetos de transporte de passageiros no Brasil.
O diretor externo da CCCC Limited, Liu Hui, destacou o interesse da empresa em participar de leilões e roadshows promovidos pelo Ministério, especialmente em projetos estratégicos como o corredor Fico-Fiol. “Vamos manter a troca de informações e continuar próximos aos projetos em andamento, principalmente o corredor Fico-Fiol, pois queremos entender melhor e participar dos estudos, a fim de trazer soluções técnicas e econômicas”, declarou.
A expectativa é que a colaboração entre Brasil e China contribua para a modernização da malha ferroviária, reduza custos logísticos, fortaleça a infraestrutura e crie rotas alternativas para o escoamento de grãos e minérios, promovendo maior eficiência e competitividade no transporte nacional.
Cooperação ferroviária Brasil-China e seus impactos estratégicos
O diálogo entre o Brasil e a China no setor ferroviário vai além de investimentos em infraestrutura. Especialistas apontam que a aproximação com a China Communications Construction Company (CCCC) pode trazer impactos significativos em três frentes: logística, competitividade e geopolítica.
1. Logística e eficiência
O Brasil enfrenta desafios históricos em transporte ferroviário, com malha limitada e custos logísticos elevados, principalmente no escoamento de grãos e minérios. A experiência chinesa em engenharia de precisão, com pontes, túneis e rotas de alta complexidade, pode acelerar projetos estratégicos como o corredor Fico-Fiol, criando rotas alternativas mais rápidas e econômicas, reduzindo gargalos e aumentando a capacidade de exportação.
2. Modelos de negócios inovadores
O interesse em implementar o Transit Oriented Development (TOD) indica que os projetos não se limitarão à ferrovia tradicional. A combinação de transporte com desenvolvimento urbano e exploração imobiliária pode gerar novas fontes de receita, ampliar a integração multimodal e atrair investimentos privados, modernizando o setor de maneira sustentável.
3. Geopolítica e competição internacional
A presença chinesa em setores estratégicos de infraestrutura brasileira também tem repercussões geopolíticas. A China já é um dos principais parceiros comerciais do Brasil e, ao investir em ferrovias, fortalece sua influência logística e econômica. Isso pode alterar a dinâmica regional de transporte e tornar o país menos dependente de rotas tradicionais controladas por competidores internacionais, como Estados Unidos e União Europeia.
Fontes do setor lembram que a cooperação com empresas chinesas não é apenas técnica, mas estratégica, pois combina know-how global com a necessidade de modernizar o transporte interno brasileiro, reduzindo custos e aumentando a competitividade internacional. Para o governo, a aliança pode ser decisiva para cumprir metas de expansão da malha ferroviária e assegurar logística eficiente para commodities estratégicas, garantindo ganhos econômicos e maior autonomia logística.