O Capitólio do Texas, na cidade de Austin, foi evacuado no fim da tarde desta 3ª feira (19.ago.2025) depois de uma ameaça de ataaque a tiros publicada em uma rede social. O edifício abriga a Legislatura estadual, além do gabinete do governador.
O suspeito responsável pela mensagem não foi identificado até o momento pelas autoridades. Segundo o Washington Post, ele fez referência “a uma situação política em andamento”. A publicação convocava pessoas a se dirigirem ao prédio e “tomarem uma atitude” contra aqueles que estariam impedindo deputados de sair, sugerindo inclusive o uso de violência fatal.
O episódio acontece em meio a uma disputa intensa sobre o redistritamento eleitoral, um processo de redefinição de distritos, com impacto direto no equilíbrio de forças políticas.
Democratas do Estado haviam deixado o Texas por quase duas semanas como forma de atrasar a aprovação de um plano de reconfiguração com viés favorável aos republicanos, proposta que conta com o apoio do presidente Donald Trump (Partido Republicano). O retorno ao Capitólio reacendeu o impasse.
Nesse contexto, a deputada democrata Nicole Collier, de Fort Worth, recusou-se a assinar um “permission slip” que permitiria sua saída do prédio com escolta policial, mecanismo criado pela maioria republicana para evitar nova fuga dos democratas. Em sinal de protesto, Collier decidiu passar a noite no chão da Câmara, gesto que ganhou repercussão dentro e fora do Legislativo estadual.
A DPS (Departamento de Segurança Pública do Texas) informou que a evacuação foi adotada como medida de precaução. Não houve registro de feridos, e a investigação segue em andamento para identificar o autor da ameaça.
A liderança democrata no Legislativo —incluindo Collier e o líder da minoria, Gene Wu— divulgou comunicado afirmando que “todos os representantes, funcionários e membros do público estavam seguros” e condenando de forma veemente qualquer tipo de intimidação ou ameaça.
No sábado (16.ago), ao menos 200 atos foram realizados em diversas cidades do Texas contra a decisão do governo Trump de apoiar a revisão do mapa eleitoral do Estado.
DISPUTA ESTADUAL
A divergência política também envolve congressistas estaduais. Mais de 50 deputados democratas do Texas deixaram o Estado para impedir que houvesse quórum na votação do plano de redistritamento.
Muitos deles estão em Illinois, onde também foram realizados protestos. O governador texano Greg Abbott (Partido Republicano) convocou sessões extraordinárias para retomar a análise do projeto, mas até agora não obteve avanço.
RESPOSTA DOS DEMOCRATAS
O embate ganhou dimensão nacional e passou a ser tratado como parte da disputa pelo controle da Câmara dos Representantes em 2026. O governador da Califórnia, Gavin Newsom (Partido Democrata), anunciou um plano de redistritamento que, segundo ele, pode acrescentar até 5 cadeiras à bancada democrata no Congresso. A iniciativa foi interpretada como uma tentativa de neutralizar ganhos republicanos em Estados como o Texas, onde o novo mapa apoiado por Trump tende a favorecer seu partido.
Líderes democratas afirmam que a disputa por distritos eleitorais se tornou uma “guerra de mapas”, com cada lado tentando assegurar maioria na Câmara antes das eleições. A estratégia também expõe o peso político de Estados populosos: enquanto o Texas concentra 38 cadeiras, a Califórnia tem 52, número que confere a ambos forte influência no processo legislativo federal.