Centrão busca alternativas enquanto Bolsonaro perde força política

O ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) tem defendido publicamente que o Centrão caminhe à direita, mas sem depender de Bolsonaro

Por Sandra Venancio – Foto Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

O Centrão começa a se mover em busca de alternativas para seu futuro político. Antigo aliado de Jair Bolsonaro (PL), o bloco avalia novas possibilidades à medida que o ex-presidente se aproxima de mais um julgamento, previsto para daqui a duas semanas, e sofre um processo de esvaziamento de capital político.

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O distanciamento aparece nas entrelinhas. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ministro da “cozinha” do Planalto durante o governo Bolsonaro e um dos principais articuladores do Centrão, voltou a defender a anistia ao ex-presidente, mas com ressalvas. Segundo ele, a direita não pode ficar paralisada enquanto o destino de Bolsonaro segue indefinido. “Defendo que o mais rapidamente possível nós possamos [decidir].”

A posição de Ciro tem peso: ele é copresidente da maior federação partidária do país e seu discurso reforça a necessidade de o campo conservador organizar-se em torno de um projeto viável para 2026.

Do mesmo modo, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) tem defendido publicamente que o Centrão caminhe à direita, mas sem depender de Bolsonaro. Ele é hoje um dos caciques mais ativos na articulação por uma candidatura competitiva de oposição ao governo Lula (PT).

Enquanto isso, a própria família Bolsonaro ajuda a acelerar o distanciamento. No domingo, o vereador Carlos Bolsonaro usou as redes sociais para atacar governadores ligados ao bloco, chamando-os de “ratos” e “oportunistas”. O núcleo duro do ex-presidente avalia que já há em curso uma “disputa por herança de pai vivo”, numa referência à busca por protagonismo no campo da direita sem a presença garantida de Jair Bolsonaro nas urnas.