Movimentação de tropas americanas no Caribe aumenta temor de intervenção contra Maduro e acende alerta em Brasília sobre riscos na fronteira de mais de 2 mil km com a Venezuela
Por Sandra Venancio
Integrantes do governo brasileiro acompanham com apreensão a movimentação militar dos Estados Unidos no Caribe, diante do envio de navios de guerra para áreas próximas à Venezuela. A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada por fontes em Brasília.
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Embora a avaliação inicial seja de que o alvo direto de Washington é o regime de Nicolás Maduro, a proximidade geográfica gera preocupação em Brasília: a Venezuela compartilha mais de 2 mil quilômetros de fronteira terrestre com o Brasil, o que acende sinais de alerta sobre possíveis repercussões diretas em território nacional.
Sinais de intervenção
Até o momento, não há uma reação concreta planejada pelo governo brasileiro. Porém, diplomatas avaliam que a movimentação de tropas e navios norte-americanos pode ser um indicativo de preparação para uma intervenção militar contra Maduro.
A tensão aumentou após Washington oferecer US$ 50 milhões pela captura do presidente venezuelano, sob acusação de ligação com o narcotráfico e de liderar um “cartel”.
Resposta venezuelana
Na segunda-feira (18), Nicolás Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos em resposta ao que chamou de “ameaças” dos Estados Unidos. O tom beligerante aumentou após a porta-voz do governo americano, Karoline Leavitt, reforçar que o presidente Donald Trump pretende usar “toda a força” contra o regime chavista.
“O regime de Maduro não é o governo legítimo da Venezuela, é um cartel narcoterrorista”, afirmou Leavitt, ao ser questionada sobre a possibilidade de uma operação terrestre. “O presidente Trump tem sido muito claro: está preparado para usar todos os elementos da força americana para impedir a entrada de drogas em nosso país e levar os responsáveis à Justiça.”
Retranca – Implicações para o Brasil
O risco de um conflito armado envolvendo a Venezuela preocupa setores militares e diplomáticos brasileiros. Entre os pontos de atenção:
- Crise humanitária – um ataque poderia intensificar o fluxo migratório em direção ao Brasil, principalmente em Roraima, que já enfrenta sobrecarga nos serviços públicos devido à entrada de venezuelanos.
- Pressão diplomática – eventual apoio ou neutralidade brasileira pode gerar atritos tanto com os EUA quanto com países aliados de Maduro, como Rússia e China.
- Segurança de fronteira – a presença de tropas e milicianos mobilizados aumenta a chance de incidentes militares na fronteira, exigindo reforço do Exército brasileiro na região.
O Planalto trata o tema com cautela, mas integrantes do governo reconhecem que uma escalada militar no vizinho do norte pode se transformar em um dos maiores desafios de política externa e segurança nacional para o governo Lula.