O Ministério das Relações Exteriores encaminhou na 3ª feira (19.ago.2025) um pedido à embaixada dos Estados Unidos de concessão de visto ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O governo de Donald Trump (Partido Republicano) havia revogado a permissão do ministro e de sua família de entrar no país em 15 de agosto, em mais uma ação norte-americana contra autoridades brasileiras.
O ministro não foi diretamente atingido pela medida, uma vez que seu visto venceu em 2024. No entanto, ficou impedido de obter novo visto, sob a alegação de que participou da criação do programa Mais Médicos no Brasil, quando médicos cubanos atuaram em áreas remotas e periféricas do país.
O pedido de visto de 3ª feira (19.ago) se deu para o ministro poder comparecer a eventos da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em setembro. Ambas as conferências serão realizadas nos EUA.
Segundo apurou o Poder360, o procedimento realizado pelo Itamaraty é de praxe quando um ministro é convidado para um evento no exterior e não possui visto ou está inválido. Além disso, a ida de Padilha aos eventos ainda não está confirmada devido a outros compromissos concomitantes.
VISTOS DE BRASILEIROS DO MAIS MÉDICOS
O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou em 13 de agosto que revogou os vistos de funcionários e ex-funcionários do governo brasileiro, ex-funcionários da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) e familiares por causa do programa Mais Médicos.
O comunicado com o anúncio do cancelamento dos vistos afirmou que o programa é um “esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano, que explora trabalhadores médicos cubanos por meio de trabalho forçado”. Leia a íntegra (PDF – 247 kB).
Foram citados nominalmente pelos EUA:
- Mozart Julio Tabosa Sales – secretário de Atenção Especializada à Saúde do ministério;
- Alberto Kleiman – ex-funcionário do Ministério da Saúde e atua coordenador-geral para a COP30 na OTCA (Organização do Tratato de Cooperação Amazônica).
O Mais Médicos foi criado na 1ª gestão de Padilha do Ministério da Saúde, no governo Dilma Rousseff.
Leia mais sobre o assunto:
- Saiba quem são os afetados por sanção dos EUA que mirou o Mais Médicos;
- Mais Médicos não tem vínculo com Cuba desde 2018;
- Associação de médicos cubanos critica sanções dos EUA ao Mais Médicos;
- Assim como o Pix, Mais Médicos sobreviverá aos ataques, diz Padilha.
Esta reportagem foi produzida em parceria com a estagiária de jornalismo Nathallie Lopes sob supervisão da editora-assistente Aline Marcolino.