O líder do Governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou nesta 4ª feira (20.ago.2025) que a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subestimou o poder de articulação da oposição no Congresso.
A declaração se deu depois de, numa reviravolta e derrota para o Planalto, a oposição ter conseguido emplacar Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no lugar de Omar Aziz (PSD-AM).
“Eu assumo a minha culpa e a minha responsabilidade na liderança do governo. Subestimamos a capacidade de mobilização da oposição. Todo bom time tem partidas perdidas em campeonatos”, disse Randolfe.
Depois da derrota do governo, o petista foi chamado para uma reunião no Alvorada com a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). No encontro, foram discutidos os erros cometidos pelo governo e pela base de apoio de Lula. Na avaliação do grupo, os governistas têm maioria na CPMI e o placar mostraria uma virada de votos de última hora.
Randolfe também assumiu a culpa pelo erro. O petista chegou atrasado na CPMI. Toda a oposição já estava no local. Questionado sobre a possibilidade de deixar a função, disse que o cargo pertence à Lula.
“SALTO ALTO”
O problema era que para os aliados de Lula estava tudo dominado. Os cargos na comissão ficariam com congressistas amistosos. Estava tudo errado e mal calculado.
O governo menosprezou o impacto da comissão. Estava dando as fraudes do INSS como assunto encerrado. Achava que havia feito um acordo sólido para a CPI ficar nas mãos de governistas. Os reembolsos já estão em andamento para os prejudicados pelas fraudes.
“O time entrou com salto alto, subestimou o adversário, e o adversário teve capacidade de se articular, exerceu maioria e elegeu presidente”, disse Randolfe.
O governo ainda saiu perdendo na relatoria. Ricardo Ayres (Republicanos-TO) havia sido escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por ser considerado um nome moderado e com boa transição entre os congressistas. Carlos Viana nomeou Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) para o lugar.
O novo relator é aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e já criticou publicamente a gestão Lula. Também atribuiu ao petista a culpa pelos desvios no INSS.