Pastor teve celular apreendido no desembarque no Galeão, está proibido de deixar o país e de falar com outros investigados por decisão de Alexandre de Moraes
Por Sandra Venancio – Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil
O pastor Silas Malafaia reagiu com indignação após ser alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na noite desta quarta-feira (20), no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. “Vai ter que me prender para me calar”, declarou o líder evangélico à imprensa, pouco depois de desembarcar de um voo vindo de Lisboa, em Portugal.
>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou medidas cautelares contra Malafaia. Entre elas estão a proibição de deixar o país e de manter contato com outros investigados.
Durante a abordagem, agentes da PF apreenderam o celular do pastor, que classificou a ação como um ataque às liberdades individuais. “É uma vergonha o que estamos assistindo no Brasil. Sou líder religioso, não bandido nem moleque”, disse Malafaia, elevando o tom de confronto com a Justiça.
O episódio amplia a pressão sobre figuras próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em meio a um cerco judicial que avança sobre aliados políticos e religiosos. A investigação mira suspeitas de participação em articulações para tentar desestabilizar as instituições democráticas no país.
Investigações sobre Malafaia
O pastor Silas Malafaia, uma das principais lideranças evangélicas do país e aliado histórico de Jair Bolsonaro, já figura em diferentes frentes de investigação conduzidas pela Polícia Federal e pelo Supremo Tribunal Federal. Entre os pontos que pesam contra ele:
- Atos antidemocráticos: Malafaia é apontado em relatórios da PF como um dos articuladores e divulgadores de manifestações contra o STF e o TSE, inclusive incentivando protestos que pediam intervenção militar.
- Financiamento de mobilizações: As apurações investigam indícios de que ele teria colaborado na arrecadação e distribuição de recursos destinados a atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
- Apoio logístico e de comunicação: A delação de aliados políticos de Bolsonaro menciona que Malafaia teria colocado sua estrutura de comunicação — incluindo redes sociais e canais de mídia religiosa — a serviço da propagação de narrativas golpistas.
- Relações com empresários investigados: O pastor já foi citado em apurações envolvendo empresários próximos ao bolsonarismo, suspeitos de financiar campanhas de desinformação contra instituições democráticas.
- Processos anteriores: Em 2016, chegou a ser investigado na Operação Lava Jato por suposto recebimento de valores de esquema de corrupção, mas acabou inocentado na ocasião. Agora, porém, seu nome volta ao centro de inquéritos mais amplos que miram o núcleo duro do bolsonarismo.
Com a apreensão de seu celular e a imposição de medidas cautelares, Malafaia passa a figurar formalmente entre os alvos prioritários das investigações sobre a tentativa de golpe e pode enfrentar novas denúncias criminais caso sejam encontradas provas de envolvimento direto.