Governistas reagem a conversas de Bolsonaro com Eduardo

Políticos aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiram, nesta 5ª feira (21.ago.2025), ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo sobre a tentativa de golpe de Estado, na qual Bolsonaro é o principal réu. O relatório da PF (Polícia Federal), com 170 páginas, mostra conversas entre Eduardo e o pai. Em uma delas, o congressista xinga o ex-presidente.

Em sua conta no X, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), disse que “as mensagens de Eduardo Bolsonaro revelam um padrão de desequilíbrio, agressividade e chantagem”. Disse ainda que “o Brasil não pode se curvar a ameaças, pressões ou chantagens de quem vive de instabilidade e caos”.

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou que “as mensagens trocadas entre Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Silas Malafaia sobre a chantagem de Donald Trump são a prova definitiva da conspiração dos golpistas contra o Brasil”.  

O presidente interino do PT, senador Humberto Costa (PE), disse que “a família que Bolsonaro defende, não se enganem, é sempre a dele. E é assim que, na família dele, filho trata pai”.

Já o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) declarou que “da noite pro dia, Bolsonaro conseguiu a façanha de se complicar ainda mais nas investigações sobre a tentativa de golpe”. 

 

Eis outras reações:

ENTENDA

A PF informou na 4ª feira (20.ago) que indiciou Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, na qual Bolsonaro é o principal réu. Leia a íntegra do relatório da PF (PDF – 9 MB).

O indiciamento se dá no inquérito que apura a atuação de Eduardo nos Estados Unidos, onde ele teria articulado medidas de pressão e sanções contra autoridades brasileiras. O documento de 170 páginas mostra conversas entre Eduardo e o pai.

Em uma delas, o congressista xinga o ex-presidente. Há também no relatório uma minuta que seria um pedido de asilo de Bolsonaro ao presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita).

A investigação foi aberta em maio por determinação de Moraes. O relatório final da PF conclui que Bolsonaro e Eduardo, com apoio do jornalista Paulo Figueiredo e do pastor Silas Malafaia, atuaram para interferir no processo em que o ex-presidente é acusado de tentar dar um golpe de Estado depois de perder as eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo a PF, as ações de Eduardo e dos demais investigados têm como alvo direto instituições democráticas, principalmente o STF e o Congresso Nacional, para submetê-las a interesses pessoais. O relatório detalha que o grupo buscou coagir integrantes do Poder Judiciário e, mais recentemente, da Câmara e do Senado, mirando influenciar decisões em benefício próprio.

Em um dos pontos do relatório, a PF sustenta que Bolsonaro compartilhou via WhatsApp vídeos sobre as sanções dos EUA contra o Brasil, além da “divulgação e promoção de eventos”. Como estava proibido de usar as redes, mesmo indiretamente, o ex-presidente pode ter violado as restrições impostas por Moraes. Os investigadores também acharam no aparelho usado pelo político uma minuta de pedido de asilo para a Argentina, indicando uma possível fuga do país.