O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) responsabilizou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes pela divulgação de mensagens trocadas entre seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e o irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP). As conversas foram incluídas no relatório divulgado pela PF (Polícia Federal) na 4ª feira (20.ago.2025).
Flávio classificou a atitude do magistrado como “asquerosa” e afirmou que as mensagens, que incluem trocas de insultos, “não têm nada a ver” com a investigação, sendo usadas apenas para “atacar” Bolsonaro. As declarações foram dadas em entrevista à rádio AuriVerde nesta 5ª feira (21.ago.2025).
“Eu acho que a palavra que eu encontro hoje para o Alexandre de Moraes é que ele é uma pessoa asquerosa, que joga muito baixo, que não tem limites para expor uma relação familiar que não tem nada a ver com o processo, com a única intenção de manipular a opinião pública, de atacar o presidente Bolsonaro e o seu grupo, porque isso não dá embasamento para nada. Então qual o objetivo de vazar essas informações?”, disse o senador.
Flávio ainda comparou Moraes ao personagem Simão Bacamarte, do conto “O Alienista”, de Machado de Assis. Na obra, o médico decide fundar um manicômio e passa a internar praticamente todos os habitantes da cidade sob o argumento de que sofriam de algum distúrbio mental. Mais tarde, muda de ideia, liberta os pacientes e acaba internando a si próprio, convencido de que ele era o verdadeiro louco.
“É muito parecido com o que faz o Alexandre de Moraes, porque para ele todo mundo é golpista, todo mundo cometeu crime, menos ele. Então ele está autorizado, já que está buscando fazer o bem, livrar o Brasil dessas pessoas que na cabeça dele são malignas”, declarou. “Ele é o Simão Bacamarte de agora, e em algum momento esse cara tem que ser internado, porque não tem explicação para o que ele está fazendo, ele não está nas suas faculdades mentais normais”.
ENTENDA
A PF (Polícia Federal) informou na 4ª feira (20.ago.2025) que indiciou Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, na qual Bolsonaro é o principal réu.
O indiciamento se dá no inquérito que apura a atuação de Eduardo nos Estados Unidos, onde ele teria articulado medidas de pressão e sanções contra autoridades brasileiras. O documento de 170 páginas mostra conversas entre Eduardo e o pai.
Em uma delas, o congressista xinga o ex-presidente. Há também no relatório uma minuta que seria um pedido de asilo de Bolsonaro ao presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita).
A investigação foi aberta em maio por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O relatório final da PF conclui que Bolsonaro e Eduardo, com apoio do jornalista Paulo Figueiredo e do pastor Silas Malafaia, atuaram para interferir na Ação Penal 2.668, que investiga a trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a PF, as ações de Eduardo e dos demais investigados têm como alvo direto instituições democráticas, principalmente o STF e o Congresso Nacional, para submetê-las a interesses pessoais. O relatório detalha que o grupo buscou coagir integrantes do Poder Judiciário e, mais recentemente, da Câmara e do Senado, mirando influenciar decisões em benefício próprio.
Entre as condutas apontadas estão tentativas de pressionar congressistas para aprovar propostas de anistia e destituir ministros do Supremo por supostos crimes de responsabilidade. As ameaças incluíram também imposição de sanções aos presidentes da Câmara e do Senado, configurando tentativa de restringir o livre exercício do Poder Legislativo e interferir nas funções do Judiciário.
O relatório foi encaminhado a Moraes e deve agora seguir para a PGR (Procuradoria Geral da República). Caberá ao procurador geral, Paulo Gonet, decidir se apresenta denúncia, requisita novas diligências ou solicita o arquivamento do caso.
Depois do indiciamento, o ministro ainda deu 48h para Bolsonaro apresentar esclarecimentos sobre o descumprimento reiterado de medidas cautelares impostas pela Corte.
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