PF aponta que deputado tentou enganar governo dos EUA em trama para obstruir julgamento do golpe de Estado; mensagens mostram troca de imagens e áudios entre pai e filho
Por Sandra Venancio
A Polícia Federal acredita que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tentou “ludibriar o governo dos Estados Unidos para atingir seus objetivos criminosos”, em articulação com o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A avaliação consta no relatório que indiciou ambos por obstrução de Justiça no julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado, no qual Jair é réu.
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De acordo com as investigações, em mensagem recuperada no celular do ex-presidente, Eduardo enviou uma imagem acompanhada da frase: “torce para a inteligência americana não levar isso aqui ao conhecimento do Trump”. A fotografia em questão, porém, não pôde ser recuperada pela perícia, o que impossibilita saber seu conteúdo.
A troca não parou aí. Jair Bolsonaro respondeu ao filho com uma mensagem de áudio — também não recuperada — e, em seguida, encaminhou uma imagem de um trecho de entrevista concedida à CNN, na qual defendia que “o filho estava certo”.
Para a Polícia Federal, a tentativa de evitar que informações chegassem ao conhecimento do então presidente dos Estados Unidos comprova o esforço de Eduardo e Jair em manipular percepções externas e interferir nas investigações brasileiras. O relatório classifica a conduta como uma estratégia de obstrução de Justiça com repercussões internacionais, ampliando a gravidade do caso.
Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que o episódio abre um novo flanco nas acusações contra o clã Bolsonaro: além da suspeita de tentativa de fuga para a Argentina, agora surge a possibilidade de ingerência diplomática e de uso de canais internacionais para blindar interesses pessoais.