O presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, afirmou nesta 6ª feira (22.ago.2025) que mudanças econômicas e políticas aumentam a chance para um novo ajuste na política monetária dos Estados Unidos. O discurso se deu no simpósio anual de Jackson Hole, organizado pelo Fed do Kansas.
“Com a política em território restritivo, a perspectiva básica e a mudança no equilíbrio de riscos podem justificar o ajuste em nossa postura política”, disse. A declaração abre espaço para que o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) avalie um corte da taxa já na próxima reunião, em setembro. Leia a íntegra do discurso (PDF – 751 kB, em inglês).
Durante sua fala, Powell destacou que em 2025 a economia norte-americana “demonstrou resiliência em um contexto de mudanças radicais na política econômica”. Segundo mostrou ele, o PIB (Produto Interno Bruto) desacelerou para 1,2% no 1º semestre, aproximadamente metade do ritmo de 2,5% em 2024.
Já o mercado de trabalho também mostrou sinais de desaceleração, com a criação média de apenas 35 mil vagas mensais nos últimos 3 meses, ante 168 mil no ano anterior. A taxa de desemprego, embora baixa, subiu para 4,2%.
Segundo Powell, as tarifas comerciais mais altas, restrições na imigração e incertezas reduziram tanto a oferta quanto a demanda de trabalhadores. Esse “equilíbrio incomum” aumenta os ricos da queda no emprego.
Do lado dos preços, Powell disse que tarifas impostas pelo presidente Donald Trump (Partido Republicano) aos parceiros comerciais pressionam a inflação, e avaliou que o efeito pode acumular nos próximos meses. O núcleo do índice de preços ao consumidor subiu 2,9% em 12 meses, ainda acima da meta de 2%.
Nesse cenário, Powell disse que o Fed precisa equilibrar os riscos: inflação mais persistente de um lado, e enfraquecimento do emprego de outro. “Nossa taxa básica de juros está agora 100 pontos-base mais próxima do neutro do que há um ano, e a mudança no equilíbrio de riscos pode justificar um ajuste em nossa postura”, afirmou.
O presidente do Fed concluiu que as decisões do órgão não seguem curso predefinido e dependerão da leitura dos dados mais recentes, “sem ceder a pressões políticas”.