O auditório do Campus XIX da Universidade do Estado do Pará (Uepa), em Salvaterra, ficou lotado na manhã deste sábado (23) para receber o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luiz Roberto Barroso. A atividade integrou a 8ª edição da Ação para Meninas e Mulheres do Marajó, iniciativa que busca debater a proteção integral de meninas e mulheres vítimas de violência
Diante de um público formado por acadêmicos, professores, magistrados, promotores de justiça, advogados, lideranças quilombolas, conselheiros tutelares e autoridades, Barroso abordou de forma contundente o enfrentamento à violência contra crianças e mulheres.
“Crianças são feitas para brincar, para aprender. Sexualizar a criança é destruir a infância dela, gerar homens e mulheres que vão trazer a marca dessa violência. Crianças devem ingressar na vida adulta fazendo suas escolhas. Devemos fazer amos, fazer sexo com quem escolhe, duas pessoas se escolhem. O sexo é uma coisa muito bonita na vida, se for feito por duas pessoas que desejam fazer e se elas se amarem, melhor ainda. Sexo com violência é só violência. Precisamos enfrentar a violência sexual. É um absurdo, inaceitável e isso nunca pode ser naturalizado”, afirmou.

O ministro ressaltou ainda que o ciclo da violência começa muitas vezes dentro de casa, onde deveria haver afeto e cuidado.
“Um problema que aflige o Brasil e o mundo é a violência contra criança, a ideia de que educar é bater tratar com rispidez, violência. Educar é dar amor, carinho, valor e disciplina. Nunca com violência e sim com exemplo. Os filhos prestam atenção nos que os pais fazem. O comportamento em casa, como tratamos as pessoas, a mulher, os filhos, é nisso que eles se espelham. Tratar uma criança com violência vai gerar um adulto com traumas, frustrações. A vida é feita de valores e temos que ensinar os valores”.
Para Barroso, o enfrentamento a esses problemas passa também pela denúncia. “A família tem que ter consciência e denunciar quando acontecer, porque o silêncio causa imenso sofrido às pessoas que não têm voz.”
O ministro fez questão de dirigir palavras de reconhecimento às comunidades quilombolas presentes. “Aproveito para dar uma palavra de amizade, carinho, respeito às comunidades quilombolas que estão presentes e representadas. Nessa sociedade multiracial, também precisamos ouvir as pessoas de descendência africana, que ajudaram a construir esse país. Temos um sentimento de gratidão”.
A programação da itinerância segue nos próximos dias em Santa Cruz do Arari e Cachoeira do Arari, reunindo autoridades do Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e representantes da rede de proteção, além de cursos e diálogos com profissionais que atuam no enfrentamento à violência contra mulheres e crianças.
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