O presidente do PT, Edinho Silva, disse neste sábado (23.ago.2025) que o partido tentará “até o fim” angariar o apoio de partidos de centro que integram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas que têm feito movimentos de aproximação com a oposição no contexto das eleições de 2026. Para o dirigente petista, as siglas vivem uma contradição que precisará ser resolvida. E defendeu manter diálogo com líderes políticos de todas elas.
“A contradição está no campo dos partidos que estão fazendo esse movimento, não no nosso campo. Eu penso que a entrada no governo com ministérios, com lideranças desses partidos, foi uma decisão dos partidos. E nós vamos continuar dialogando com essas lideranças. O presidente Lula tem chamado para dialogar para que eles reflitam sobre possíveis contradições criadas pelos dirigentes partidários em relação a eles estarem no governo. Mas nós vamos, evidentemente, disputar essas lideranças até o fim. Se elas quiserem estar conosco, serão bem-vindas”, disse Edinho a jornalistas ao final da reunião do diretório nacional do PT, em Brasília.
Edinho afirmou que os presidentes de partidos terão de “fazer escolhas” e que o PT trabalhará nos próximos meses para se reaproximar dos partidos que apoiaram Lula em 2022 e que fazem parte do atual governo.
Na 3ª feira (19.ago.2025), União Brasil e PP formalizaram uma federação e reforçaram o discurso contrário a Lula. Ambas as siglas ocupam 4 ministérios na gestão petista e há resistências internas a deixar a Esplanada de vez. Ainda assim, a junção dos partidos marcou publicamente um movimento da direita e da centro-direita que começam a se estruturar para a eleição presidencial de 2026.
No mesmo dia, governadores e presidentes nacionais de partidos se reuniram em um jantar na casa do presidente da federação, Antonio de Rueda. Participaram os presidentes dos seguintes partidos: MDB, PP, PL, PSD, Republicanos e União Brasil. O Novo estava representado por Romeu Zema, governador de Minas Gerais. Outros 11 governadores e um contingente de senadores e deputados também estiveram presentes.
O tom geral dos discursos foi como a direita e a centro-direita podem se reorganizar neste momento, em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ser condenado pela acusação de tentativa de golpe de Estado –e permanecerá inelegível.
O evento organizado por Rueda foi no bairro do Lago Sul, área nobre de Brasília. Estiveram presentes os seguintes governadores:
- Antonio Denarium (PP) – Roraima;
- Cláudio Castro (PL) – Rio de Janeiro;
- Eduardo Riedel (PP) – Mato Grosso do Sul;
- Gladson Cameli (PP) – Acre;
- Ibaneis Rocha (MDB) – Distrito Federal;
- Jorginho Mello (PL) – Santa Catarina;
- Marcos Rocha (União Brasil) – Rondônia;
- Mauro Mendes (União Brasil) – Mato Grosso;
- Ratinho Jr. (PSD) – Paraná;
- Romeu Zema (Novo) – Minas Gerais;
- Tarcísio de Freitas (Republicanos) – São Paulo;
- Wilson Lima (União Brasil) – Amazonas.
Como mostrou o Poder360, há duas estratégias possíveis sobre a mesa. Primeiro, cada um dos 6 partidos cujos presidentes estiveram no jantar lançar um nome próprio para disputar o Palácio do Planalto e depois todos apoiarem quem for ao 2º turno, possivelmente contra Lula.
A outra possibilidade é a direita e a centro-direita se unirem já no 1º turno para lançar um candidato conjunto, que pode ser o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), é um dos que defende que cada partido lance um candidato próprio a presidente no 1º turno da disputa presidencial de 2026. Ele próprio é pré-candidato. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, também é adepto da ideia de cada sigla ter seu candidato, exceto se o nome puder ser Tarcísio de Freitas –que então poderia unificar todo o campo anti-PT e anti-Lula.
Aos jornalistas, Edinho afirmou ter consciência de que as eleições de 2026 exigirão muito do PT e dos partidos aliados e defendeu que os principais nomes do partido cumpram “papel eleitoral”.
Ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho assumiu o comando do PT em 3 de agosto. Será o responsável por organizar a candidatura à reeleição de Lula e por definir os nomes que disputaram os governos estaduais e as cadeiras de deputados e senadores.