O Partido dos Trabalhadores elegeu neste sábado (13.ago.2025) os novos integrantes da comissão executiva nacional que comandará a legenda nos próximos 2 anos. A CNB (Construindo um Novo Brasil), corrente da qual faz parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficou com os principais cargos.
A decisão foi tomada em reunião do diretório nacional, realizada na sede do partido em Brasília. O presidente do partido, Edinho Silva, afirmou a jornalistas ao final do encontro que o PT saiu unificado e fortalecido do processo de eleição interna. Apoiado por Lula, Edinho enfrentou resistências ao seu nome de alas consideradas mais à esquerda na sigla.
A sigla divulgou também uma resolução política que norteará as ações partidárias. As prioridades são reeleger Lula e reagir à ofensiva comercial e política do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano) contra o Brasil. O partido defende a formação de alianças amplas para barrar a influência do norte-americano nas eleições de 2026.
“O enfrentamento ao imperialismo, aliado à extrema direita bolsonarista, ao fascismo e ao neoliberalismo deve ocorrer em duas frentes complementares: por meio de mobilizações populares, nas ruas e nas redes, e pela construção de amplas alianças nacionais e internacionais, articuladas também no plano institucional e diplomático. Este bloco precisa se expressar tanto na luta política quanto na disputa eleitoral de 2026, garantindo a formação de uma maioria capaz de barrar a extrema direita, o imperialismo e o fascismo representados pelo governo Trump e pelas lideranças hegemonizadas por Bolsonaro. A defesa da democracia, da soberania nacional e de um projeto de desenvolvimento que combata as desigualdades constituirão os alicerces desta aliança”, diz o documento.
No texto, a política de Trump é descrita como “imperialista e de extrema-direita, característica do pensamento fascista”. O partido afirma que o Brasil vive “um ataque profundo à sua soberania”.
“Trata-se de uma ofensiva gravíssima, organizada e sustentada pelo governo Trump, pelo bolsonarismo e por setores da direita brasileira. […] Não hesitam em sacrificar o Brasil, as empresas, os produtores e os trabalhadores brasileiros, e punir o povo com as possíveis consequências, apenas para tentar impor uma anistia inaceitável que absolva Bolsonaro e seus aliados, hoje responsabilizados por crimes contra a pátria, por corrupção, e pela tentativa de golpe e assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes”, diz o texto, que dedica quase um terço de seu conteúdo ao tema.
A jornalistas, Edinho defendeu que o PT se alie a partidos de esquerda de outros países para reagir a Trump.
“É evidente que as democracias do mundo afora são lideradas por partidos e nós podemos dialogar com outros partidos democráticos de outros países que zelam e se preocupam com a democracia no mundo. Claro que a nossa prioridade nesse momento é a defesa intransigente da democracia brasileira, defendendo o governo do presidente Lula, defendendo as nossas instituições, mas nós também temos a compreensão que é necessário o diálogo internacional”, disse.
No documento, o partido se propõe a liderar uma frente ampla em defesa “da democracia e da soberania nacional”.
Edinho afirmou que não há dúvidas de que Trump se inspira no fascismo e que caracterizá-lo dessa forma não pode ser visto como uma bravata. “A forma com que ele deporta imigrantes, como ele obriga a prefeita de Washington a apagar das ruas a frase ‘Vidas pretas importam’, se manifesta de forma racista. A forma com que tem deportado imigrantes venezuelanos para El Salvador. Se o mundo civilizado não levantar a voz, corre o risco de El Salvador se tornar o campo de concentração do século 21. A forma como ele apoia as forças nazistas na Europa. Quando eu caracterizo o Trump como o maior líder fascista do século 21, eu não estou bravateando”, disse.
Nova Executiva Nacional do PT
O PT elegeu 5 vice-presidentes homens para o atual mandato. São eles:
- Jilmar Tatto – deputado federal por São Paulo;
- Joaquim Soriano – diretor da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT;
- José Guimarães – deputado federal pelo Ceará e líder do Governo na Câmara;
- Rubens Junior – deputado federal pelo Maranhão;
- Washington Quaquá – prefeito de Maricá (RJ).
A secretária de Finanças e Planejamento, Gleide Andrade, foi mantida no cargo. Sua permanência se deu, inicialmente, a contragosto de Edinho, que acabou aceitando a ideia para angariar apoios dentro do partido ao seu nome.
A secretaria de Comunicação do partido está agora a cargo de Eden Valdares. Ele sucede a Tatto e é ligado ao senador Jaques Wagner (PT-BA) e ao ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), Sidônio Palmeira.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) permaneceu no cargo de secretário-geral do partido.