O Paysandu vive, nesta temporada da Série B, um colapso que já não se explica apenas pelos resultados em campo. O time virou alvo de pancadas dentro e fora de casa, incapaz de mostrar reação, e a própria torcida já o apelidou de “sangue de barata”. A expressão traduz bem a apatia que se viu na tarde deste sábado, na Curuzu, quando o Papão perdeu para o Operário (PR) por 2 a 1.Foi mais do que uma derrota: tratou-se de um festival de mediocridade.
O time não mostrou vontade de jogar, acumulou falhas defensivas primárias, e o meio de campo, desorganizado e sem criatividade, parecia uma caricatura do que deveria ser um setor de ligação. Um time morto em campo. O resultado é um clube à beira do abismo, caminhando, com perigosa determinação, rumo ao rebaixamento.A torcida, que nunca abandonou o time, parece ter atingido o limite da paciência.
Na saída de campo, as vaias ecoaram forte. Alguns jogadores foram alvos de insultos, mas os protestos mais pesados — recheados de palavrões — se concentraram no presidente Roger Aguillera, apontado como principal responsável pela crise pelas péssimas contratações de “reforços”.
O episódio revela uma crise não apenas técnica, mas também institucional. O elenco, sem confiança e sem alma, transmite dentro de campo a falta de comando que vem de cima e passa por um treinador que escala mal, protegendo alguns “bondes”. A relação torcida-diretoria está rompida, e a cada rodada o abismo se aproxima mais.
Resta saber se ainda há tempo e coragem para uma reação, ou se o destino do Papão já está traçado na Segundona.
Deu calo nos olhos ver o Paysandu fingir que jogou algo que pudesse se chamar de futebol.
Incompetência e castigo
O início até deu a falsa impressão de que o Papão poderia reagir no campeonato. Aos 26 minutos, em contra-ataque perfeito, Garcez fez grande jogada e serviu Diogo Oliveira, que abriu o placar com categoria. O estádio explodiu, mas a euforia durou pouco. A partir daí, o Paysandu fez o que tem feito com frequência nesta Série B: recuou, entregou a bola ao adversário e parou de jogar.
O castigo veio rápido. Aos 39, após cobrança de falta, a defesa bicolor assistiu, estática, Neto Paraíba subir livre e empatar. O gol expôs a fragilidade de um setor que se desmancha em qualquer bola aérea. A passividade foi tamanha que a jogada mais parecia treino coletivo do Operário.
Veio o segundo tempo, e com ele, a sequência de trapalhadas. Logo aos 2 minutos, o goleiro Gabriel Mesquita atropelou Kleiton dentro da área. Pênalti infantil, convertido por Boschilia, e virada do “Fantasma”. A partir daí, o Operário tomou conta do jogo. Jogava leve, seguro, como se estivesse em casa, enquanto o Paysandu se mostrava um time sem rumo, nervoso, errando passes de dois metros e acumulando gols perdidos.
O lance que simbolizou a tragédia bicolor aconteceu aos 37 minutos. Benitez, sempre ruim em campo, recebeu a bola limpa, sem goleiro, sem marcação, na pequena área. Bastava empurrar para dentro. Ele conseguiu o inacreditável: chutou para fora. O desespero tomou conta das arquibancadas, mas até o protesto foi tímido.
Parte da torcida já nem tinha forças para reclamar e deixou o estádio antes do apito final.
O Paysandu se resume hoje a um time frágil, desorganizado, sem poder de reação e com jogadores que não demonstram a mínima confiança. O Operário, que começou tímido, fez o que quis na Curuzu e saiu com uma vitória tranquila.
O Papão está no Z4 e, pelo futebol que mostra, o rebaixamento à Série C não é apenas uma ameaça: é uma consequência anunciada. Ainda há campeonato, mas não há time, não há plano de jogo, não há espírito de luta. O que se vê é uma equipe sem vida e sem comando. A Série B já cobra caro — e o caminho parece sem volta.
Se tiver o mínimo de vergonha na cabeça e nos pés, o time pode escapar do rebaixamento.
Terá forças?
RAIO X DA PARTIDA
Estádio: Curuzu
Local: Belém (PA)
jÁrbitro: Lucas Canetto Bellote (SP)
Assistentes: Gustavo Rodrigues de Oliveira (SP) e Rafael Tadeu Alves de Souza (SP)
VAR: Douglas Marques das Flores (SP)
Gols – Paysandu: Diogo Oliveira, aos 26′ do 1º tempo; Operário-PR: Neto Paraíba, aos 39′ do 1º tempo; Boschilia, aos 4′ do 2º tempo (pênalti)
Cartões Amarelos – Paysandu: Reverson; Operário-PR: Thiaguinho e André
Paysandu – Gabriel Mesquita; Edílson Júnior (Bryan Borges), Thalisson Gabriel, Thiago Heleno e Reverson; Anderson Leite, Ramón Martínez (Marcelinho) e Denner (André Lima) (Dudu Vieira); Marlon Douglas (Jorge Benítez), Garcez e Diogo Oliveira. Técnico: Claudinei Oliveira
Operário-PR – Elias; Gabriel Souza (Diogo Mateus), Miranda, Giraldo e Cristiano; Thiaguinho (André), Zuluaga, Neto Paraíba (Léo Silva) e Boschilia; Kleiton (Vinicius Mingotti) e Ademilson. Técnico: Alex de Souza
MELHORES MOMENTOS E GOLS:
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