Bolsonaro a 10 minutos da embaixada dos EUA: PF teme fuga do ex-presidente para pedir asilo a Trump

Deputado Lindbergh Farias (PT) alerta que ausência de vigilância na residência abre brecha para plano de evasão

Sandra Venancio – Foto Lula Marques

Desde que o processo contra Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado avançou no Supremo Tribunal Federal (STF), cresceu nos bastidores a suspeita de que o ex-presidente teria um novo plano de fuga.

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O esquema, segundo fontes da Polícia Federal ouvidas pela Revista Fórum, passaria pelo refúgio na embaixada dos Estados Unidos em Brasília — localizada a apenas dez minutos de carro da residência de Bolsonaro, no Jardim Botânico, área nobre da capital.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT) acendeu o alerta nesta semana, lembrando que não há qualquer tipo de campana policial em torno da casa de Bolsonaro. A informação foi confirmada por uma fonte ligada ao alto escalão da PF, que admitiu o temor generalizado de que o ex-presidente possa buscar asilo diplomático.

“Hoje, nada impede Bolsonaro de entrar na embaixada americana. Isso representaria um choque diplomático gravíssimo com os EUA”, disse Lindbergh.

A mesma fonte revelou que não há decisão, até agora, para instalar vigilância ostensiva nas imediações da residência ou da representação diplomática. Não está claro se essa ausência se deve a impedimento legal ou apenas a uma escolha administrativa da PF.

Caso Bolsonaro consiga abrigo, especialistas apontam que o governo Donald Trump poderia conceder salvo-conduto para sua saída do Brasil, o que configuraria um episódio sem precedentes na relação entre Washington e Brasília — ampliando a já intensa crise política envolvendo o ex-presidente.

Asilo diplomático: riscos e papel da Polícia Federal

O eventual refúgio de Jair Bolsonaro na embaixada dos Estados Unidos em Brasília não seria apenas uma manobra política — mas um episódio de forte impacto diplomático e jurídico.

O que é o asilo diplomático
No direito internacional, o asilo concedido dentro de embaixadas é previsto pela Convenção de Caracas (1954), assinada por diversos países latino-americanos, mas os Estados Unidos não são signatários. Isso significa que, em tese, Washington poderia alegar ter liberdade para oferecer abrigo, mesmo em casos de crimes comuns, como é o caso de Bolsonaro no processo de tentativa de golpe de Estado.

Risco de crise internacional
Se o governo norte-americano aceitasse receber Bolsonaro, a relação bilateral entraria em choque imediato. O Brasil poderia considerar a atitude como ingerência em assuntos internos, e o Itamaraty teria de acionar canais diplomáticos ou até recorrer à Corte Internacional de Justiça.

O que faz a Polícia Federal
A PF não pode entrar em uma embaixada estrangeira sem autorização, já que esses espaços são considerados território inviolável do país que representam. Na prática, os agentes só podem atuar no perímetro externo, evitando que o refúgio ocorra.

Atualmente, segundo fontes ouvidas pela Revista Fórum, não há campana fixa ao redor da residência de Bolsonaro nem vigilância ostensiva em torno da embaixada americana. Isso amplia a percepção de risco, já que bastaria uma curta viagem de carro para que o ex-presidente solicitasse asilo.

Cenário mais provável
Caso Bolsonaro ingresse na embaixada, o governo brasileiro teria poucas opções: iniciar negociações diplomáticas, aguardar decisão dos EUA sobre conceder ou não asilo, ou até declarar a representação diplomática como “persona non grata” em caso de ruptura.