Brasil e México se unem contra tarifaço de Trump e desafiam hegemonia dos EUA no comércio

Alckmin e Simone Tebet lideram missão em busca de ampliar exportações brasileiras e criar rota alternativa ao mercado norte-americano

Por Sandra Venancio – Foto Lula Marques/Agencia Brasil

O Brasil e o México intensificaram a aproximação econômica em meio ao tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos, que elevou em 50% as taxas sobre produtos brasileiros. Nesta semana, o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, desembarcam na Cidade do México para discutir alternativas de integração regional e diversificação de mercados.

>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp

A missão também conta com empresários brasileiros interessados em ampliar exportações em setores estratégicos como agroindústria, biocombustíveis, energia e saúde. O México, um dos maiores importadores de carne do Brasil, enfrenta barreiras tarifárias semelhantes impostas por Washington e vê na parceria com o país uma forma de reduzir a dependência comercial dos EUA.

México como alternativa estratégica

Atualmente, o Brasil mantém superávit comercial na relação com o México, o que abre espaço para intensificar o fluxo de bens e serviços. O governo aposta em setores de alto crescimento, como proteína animal, biocombustíveis e tecnologia em saúde, para blindar a economia brasileira dos impactos da guerra tarifária.

No último sábado (23), em São Paulo, Alckmin reafirmou a estratégia do Planalto:

“Se depender de nós, o tarifaço acaba amanhã. O trabalho é esse: diálogo e negociação. Entendemos que tem espaço para ter mais produtos excluídos e para ter uma alíquota mais baixa”, disse o vice-presidente.

Ele lembrou que alguns avanços já foram obtidos, como a exclusão de derivados de aço e alumínio da sobretaxa, medida que fortaleceu setores como máquinas, retroescavadeiras e motocicletas.

Resistência econômica ao tarifário dos EUA

Além da agenda internacional, o governo ampliou a linha de crédito do BNDES para exportadoras afetadas pelo tarifaço, de R$ 30 bilhões para R$ 40 bilhões, em tentativa de proteger a competitividade brasileira.

O movimento se soma a uma ofensiva diplomática do Itamaraty e à busca por acordos paralelos que possam reduzir o peso das tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump, que afetaram diretamente as cadeias produtivas de setores estratégicos.

Números do comércio Brasil–México

Dados mais recentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC):

  • Superávit brasileiro: O Brasil exporta mais do que importa do México, saldo positivo superior a US$ 5 bilhões em 2024.
  • Carne bovina: O México figura entre os cinco maiores compradores do produto brasileiro.
  • Energia e biocombustíveis: Áreas de interesse mútuo, com potencial de joint ventures.
  • Saúde e tecnologia: Setor em expansão, com empresas brasileiras buscando abrir mercado para medicamentos e equipamentos hospitalares.
  • Barreiras tarifárias: Ambos os países enfrentam sobretaxas de até 50% impostas pelos EUA desde 2023.