R$ 633 milhões em contratos sob suspeita: empreiteira ligada a Antônio Doido teria comprado armas e helicópteros

A mulher de Doido, Andrea Costa Dantas, é quem assina o contrato para as obras de infraestrutura nos canais de Benguí e de Marambaia. Foto: Alexandre Costa/Ag. Belém

Mais informações foram divulgadas neste domingo, 24 de agosto, na Folha de S. Paulo, sobre da investigação Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal contra o deputado federal Antônio Leocádio dos Santos, conhecido como Antônio Doido (MDB-PA), suspeito de liderar uma organização criminosa que teria desviado recursos de contratos milionários do Governo do Pará durante a gestão de Helder Barbalho (MDB).

Segundo relatórios da PF, a empreiteira J A Construcons, formalmente registrada em nome da esposa do parlamentar, Andrea Costa Dantas, movimentou R$ 633 milhões em contratos entre 2020 e 2024, incluindo um de R$ 123,4 milhões para obras da COP 30 em Belém. O esquema teria operado por meio de saques vultosos em espécie (R$ 48,8 milhões em um ano), uso de lotéricas e postos de gasolina, além de transporte de valores em sacos de lixo, carros blindados e até aeronaves.

As investigações apontam ainda que parte do dinheiro foi destinada à compra de armamento pesado, como fuzis e helicópteros, além de financiar campanhas eleitorais de aliados. O grupo, chefiado por Doido, contaria com o apoio de policiais militares do Pará, inclusive o coronel Francisco de Assis Galhardo, preso em outubro de 2024 após saque de R$ 5 milhões.

A PF também registrou indícios de uso de equipamentos de contrainteligência por membros da alta cúpula do governo paraense. Mensagens de WhatsApp mostram interlocutores de Doido tratando de bloqueadores de sinal e mencionando repasse de informações ao “Gov e à Vice”.

O governador Helder Barbalho chegou a utilizar uma aeronave ligada a Andrea Dantas em setembro de 2024, durante atividades de campanha do MDB no interior do estado, fato que gerou questionamentos sobre a proximidade entre o esquema e a estrutura política local.

O inquérito tramita no STF devido ao foro privilegiado do deputado. Até agora, nem Doido nem sua esposa se manifestaram sobre as acusações.

Em nota, o Governo do Pará afirmou que todas as contratações estaduais seguem “rigorosamente” os processos licitatórios e observam princípios constitucionais como legalidade e impessoalidade.

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