Argentina investiga caso de corrupção envolvendo irmã de Javier Milei

A Argentina investiga um caso de corrupção que ameaça envolver os assessores mais próximos do presidente do país, Javier Milei (La Libertad Avanza), incluindo sua influente irmã Karina, secretária-geral da Presidência. 

Na 2ª feira (25.ago.2025), o presidente resolveu quebrar o silêncio sobre o escândalo e, sem mencionar o caso diretamente, saiu em defesa da irmã, que esteve ao seu lado durante inauguração do edifício da empresa Corporação América.

Nestes momentos em que o kirchnerismo se dedica a semear o caos, a gerar instabilidade, e o faz de maneira aberta e descarada, quero lhes dizer que nada vai nos assustar. Se nós acabamos com o déficit de 123 anos em apenas 1 mês, o que vão fazer se nos perturbarem durante 2 meses e depois forem embora de vez?”, disse o presidente, conforme citado pelo jornal El País.

O caso ganhou notoriedade, segundo o jornal La Nación, depois da divulgação de áudios do ex-diretor da Andis (Agência Nacional para Pessoas com Deficiência), Diego Spagnuolo, que descrevem uma rede de corrupção na aquisição de medicamentos. 

A polícia argentina realizou na 6ª feira (22.ago.2025) uma operação em mais de 10 residências e escritórios de luxo, incluindo a sede da Andis, agência responsável por fornecer benefícios para PcD (Pessoas com Deficiência). 

A operação, ordenada pelo juiz federal Sebastián Casanello, incluiu 15 locais em Buenos Aires e arredores, depois da divulgação das gravações em áudio de Spagnuolo.

O governo argentino permaneceu dias sem se manifestar oficialmente mesmo depois da demissão de Spagnuolo e as buscas determinadas pela Justiça. 

Ao demitir Spagnuolo na 5ª feira (21.ago), o governo de Milei não mencionou o possível esquema de suborno, mas responsabilizou os oponentes políticos do governo por tentarem prejudicar a campanha governista a poucas semanas das eleições de meio de mandato.

Representantes do governo Milei atribuem a divulgação dos áudios a uma estratégia da oposição kirchnerista para prejudicar o La Libertad Avanza durante o período eleitoral. 

À luz dos fatos que são de conhecimento público e da óbvia exploração política da oposição em um ano eleitoral, o presidente decidiu, como medida preventiva, remover Diego Spagnuolo de seu cargo“, disse o porta-voz de Milei, Manuel Adorni. 

Nos áudios, Spagnuolo menciona diretamente Karina Milei e Eduardo “Lule” Menem, sobrinho do ex-presidente Carlos Menem e colaborador próximo de Karina na estrutura do partido governista. 

Ambos são indicados como figuras principais na suposta rede que exigia propina de 8% aos laboratórios farmacêuticos em troca de contratos com a Andis. 

No áudio, cuja data e local de gravação são desconhecidos, Spagnuolo pode ser ouvido dizendo que a empresa farmacêutica Suizo Argentina ofereceu subornos a Karina Milei por meio de seu confidente próximo, Eduardo “Lule” Menem. 

Eles estão desviando minha agência. Eles designaram um cara que lida com tudo relacionado aos meus cofres“, diz a voz, que, presume-se, é de Spagnuolo. “Eles vão pedir dinheiro às pessoas, aos fornecedores“. 

Em um ponto, ele parece explicar que os escalões mais altos do governo exigiram 8% de propina das empresas farmacêuticas, estimando que “Karina receba 3%”.

De acordo com o Clarín, Eduardo “Lule” Menem negou o conteúdo das gravações que o vinculavam ao esquema de propinas e disse que o kirchnerismo monta “uma operação política grosseira” para prejudicar o governo.